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Oncologia25 novembro 2024

Classificação PI-RADS: o que você precisa saber sobre risco de câncer de próstata

A classificação PI-RADS é uma padronização criada para interpretar exames de RM da próstata visando melhorar a acurácia do diagnóstico do câncer de próstata

A classificação sistemática do PI-RADS (Prostate Imaging-Reporting and Data System) foi introduzida em 2012 e atualizada recentemente em 2019 (versão 2.1). Ela é uma padronização criada para interpretar e relatar exames (“dar o laudo”) de ressonância magnética (RM) da próstata visando melhorar a acurácia do diagnóstico do câncer de próstata clinicamente significativo, promovendo uma linguagem uniforme entre os médicos radiologistas e o médico que solicitou o exame, geralmente um clínico geral ou urologista.  

Trata-se de uma ferramenta importantíssima para guiar biópsias dirigidas e para ajudar nas decisões terapéuticas e estratificação de risco nos pacientes com suspeita clínica de câncer de próstata virgens de tratamento. Ela combina informações morfológicas e funcionais da RM multiparamétrica, que utiliza imagens ponderadas em T2, difusão (DWI) e estudo dinâmico contrastado (DCE) – cada uma dessas sequencias contribui para a melhor caracterização das lesões e devem sempre estar presentes na aquisição das imagens. Deve-se utilizar preferencialmente aparelhos de RM de 3T, embora o uso de 1,5T seja aceitável e o uso da bobina intrarretal não é obrigatório. 

Leia mais: Tratamento do câncer de próstata com vigilância ativa versus terapia radical

Classificação

A classificação PI-RADS utiliza uma escala de 1 a 5 para estimar a probabilidade de uma lesão ou nódulo ser um câncer de próstata clinicamente significativo. 

  1. PI-RADS 1: Muito baixa probabilidade de câncer clinicamente significativo (cerca de 2%). 
  1. PI-RADS 2: Baixa probabilidade (cerca de 4%). 
  1. PI-RADS 3: Probabilidade Intermediária (cerca de 20%).  
  1. PI-RADS 4: Alta probabilidade de câncer clinicamente significativo (cerca de 52%). 
  1. PI-RADS 5: Muito alta probabilidade (cerca de 89%). 

A zona da próstata onde a lesão está localizada vai influenciar na maneira de interpretar as imagens: para lesões na zona periférica, a sequência de difusão (DWI) é a mais importante para ser analisada; já na zona de transição, o peso maior é dado às imagens ponderadas em T2.  

Outro aspecto crítico do PI-RADS é o uso do estudo dinâmico contrastado (DCE): embora não determine a classificação final, ele é útil como critério de desempate, especialmente em casos classificados como PI-RADS 3 na zona periférica. 

Em termos clínicos, a classificação PI-RADS serve para orientar a necessidade de biópsia e monitoramento dos achados, ressaltando que a decisão também vai depender de outras variáveis, como história clínica do paciente, preferências do paciente, experiência do médico e valores séricos do PSA. Importante ressaltar que a RM multiparamétrica da próstata também é capaz de avaliar se há linfonodomegalias suspeitas para acometimento neoplásico secundário e lesões ósseas suspeitas no osso da bacia, no campo de imagem disponível no exame da próstata. 

Veja também: Câncer de próstata clinicamente localizado: veja a nova diretriz

Lesões PI-RADS 1 ou 2 frequentemente não exigem intervenção imediata, enquanto lesões PI-RADS 4 ou 5 frequentemente demandam biópsia e investigação detalhada. Lesões PI-RADS 3 ainda possuem dados conflitantes de literatura sobre como proceder e nem todas requerem biópsia imediata, podendo serem acompanhadas de perto, especialmente se há baixos valores de PSA,o paciente está assintomático e não tem história familiar de câncer de próstata. 

Portanto, entender o PI-RADS é crucial para a prática clínica. Ele proporciona uma abordagem objetiva para avaliar lesões prostáticas, integrando exames de imagem com o contexto clínico, promovendo decisões diagnósticas e terapêuticas mais precisas e personalizadas. É muito importante que o médico generalista saiba como agir ao receber um laudo com a classificação PI-RADS, seja para encaminhara para o médico urologista para avaliar biópsia, seja para tranquilizar o paciente em relação ao resultado obtido.  

Autoria

Foto de Gabriel Madeira Werberich

Gabriel Madeira Werberich

Possui graduação em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2009). Residência de Clínica Médica pela UERJ/Hospital Universitário Pedro Ernesto(HUPE)/Policlínica Piquet Carneiro(PPC). Residência Medica em Oncologia Clínica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Fellowship de Oncologia Clínica no Hospital Sírio Libanês. Concluiu a residência médica de Radiologia e Diagnóstico por Imagem no HUCFF-UFRJ e atualmente é R4 do Centro de Imagem do Copa Dor, com ênfase em Ressonância Magnética, e mestrando em Radiologia na UFRJ. Tem experiência na área de Clínica Médica, Cancerologia Clínica e Diagnóstico por Imagem em Tórax e Medicina Interna.

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