Logotipo Afya
Anúncio
Anestesiologia11 outubro 2024

Critério HEAVEN para intubação traqueal 

A maioria das ferramentas de previsão das vias aéreas considera apenas fatores anatômicos. Os critérios HEAVEN incorporam elementos anatômicos e fisiológicos.

A intubação traqueal é um procedimento realizado tanto de forma eletiva para cirurgias sem caráter emergencial, como para situações de emergência, tanto em ambiente de centro cirúrgico, como de unidade de terapia intensiva ou salas de emergência hospitalar. É um procedimento relativamente simples com poucos riscos, quando realizado por profissionais habilitados e treinados, porém, requer conhecimento tanto da anatomia das vias aéreas como das condições clínicas do paciente, e em determinadas situações, o profissional pode apresentar dificuldades, podendo evoluir para situações de depressão respiratória, hipóxia e até óbito.  

Uma das maiores causas de dificuldade e falha de intubação é a presença de uma via aérea de difícil manejo. Prever uma dificuldade de intubação ainda é a forma mais adequada de evitar complicações. 

Caso clínico: Perda da consciência pós bloqueio espinhal

Para que os riscos sejam mitigados, foram criados alguns métodos para identificação de vias aéreas difíceis, como por exemplo o índice de Mallampati e índice de Cormack-Lehane, onde se analisam principalmente a anatomia e mobilidade da região facial e cervical. 

Atualmente foi proposto a implementação de um novo critério que visa identificar alterações fisiológicas inerentes aos pacientes que podem contribuir para uma dificuldade na realização da intubação traqueal, esse é o critério HEAVEN, que somado aos outros critérios anatômicos permite que se tenha uma visão mais ampla e completa das dificuldades presentes no procedimento. 

Critério HEAVEN para intubação traqueal 

Imagem de freepik

O novo critério 

O critério HEAVEN baseia-se em seis análises distintas. Que são: 

  1. Hipoxemia: Saturação de oxigênio menor que 93% no início da laringoscopia.
  2. Extreme of size: Tamanhos extremos, como por exemplo, pacientes pediátricos, pacientes obesos que acabam dificultando a visualização das vias aéreas e o acoplamento do dispositivo bolsa-válvula-máscara. 
  3. Anatomic Challenge: Desafio anatômico, identificado como qualquer alteração estrutural que possa acabar dificultando a visualização adequada das cordas vocais, como por exemplo, trauma de vias aéreas, abertura oral limitada, língua grande, pescoço curto, presença de massa, edema, corpo estranho que impeça uma boa laringoscopia. 
  4. Vomits/blood/fluids: Vômito/sangue/fluido: Presença significativa de líquidos que possam dificultar a visualização durante a laringoscopia ou a utilização do dispositivo bolsa-válvula-máscara. 
  5. Exsanguination: Qualquer situação que determine uma anemia crônica ou aguda que irá limitar períodos seguros de apneia. 
  6. Neck Mobility Issues: Qualquer alteração que impeça ou dificulte a mobilização livre do pescoço. 

Considerações finais 

A presença de cada um dos critérios HEAVEN está relacionada a diminuição das taxas de sucesso da intubação traqueal. Estudos revelam que o número total de critérios HEAVEN encontrados é inversamente proporcional ao sucesso da intubação, tanto de forma geral, como na falha na primeira tentativa ou na ocorrência de uma queda significativa de saturação de oxigênio.  

Sendo assim, a análise dos critérios preditores de intubação difícil, não só anatômicos e estruturais, mas também fisiológicos, devem ser analisados conjuntamente e criteriosamente para que as dificuldades e complicações do procedimento de intubação traqueal sejam minimizados.

Saiba mais: Pré-oxigenação com máscara de oxigênio vs ventilação não invasiva na intubação 

Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Referências bibliográficas

Compartilhar artigo