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Cardiologia21 novembro 2024

AHA 2024: Vale a pena controlar a pressão arterial de forma mais intensiva na DM2?

Estudo buscou esclarecer as metas efetivas para o controle da pressão arterial sistólica em pacientes com diabetes tipo 2.

O aumento da pressão arterial sistólica (PAS) é a comorbidade mais comum entre os pacientes com diabetes e leva ao aumento do risco cardiovascular. Sua redução tem benefícios já bem estabelecidos, porém a meta ideal ainda é incerta nos pacientes diabéticos.  

Assim, foi feito um estudo apresentado no primeiro dia do congresso da American Heart Association (AHA 2024), chamado BPROAD, para investigar se o tratamento intensivo da PAS seria mais efetivo que o tratamento padrão na redução do risco de eventos cardiovasculares adversos maiores em pacientes com diabetes tipo 2. 

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi ensaio clínico randomizado que incluiu 145 centros localizados na China. Os pacientes com diabetes tipo 2 com 50 anos ou mais, PAS elevada e risco cardiovascular aumentado eram randomizados para tratamento intensivo, com meta de PAS < 120 mmHg, ou tratamento padrão, com meta de PAS < 140 mmHg, por 5 anos.  

A PAS era considerada elevada se estivesse entre 130 e 180 mmHg em pacientes em uso de medicação ou ≥ 140 mmHg em pacientes sem medicação. O risco cardiovascular era considerado aumentado se tivesse pelo menos um dos critérios: história de doença cardiovascular nos últimos 3 meses, doença subclínica nos últimos 3 anos, 2 ou mais fatores de risco cardiovasculares ou doença renal crônica.   

Após a randomização, o tratamento anti-hipertensivo era ajustado para atingir a meta e os pacientes eram seguidos a cada 3 meses. O desfecho primário era composto pela primeira ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC) não fatal, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal, tratamento ou internação para insuficiência cardíaca (IC) ou morte por causas cardiovasculares.   

AHA 2024: Vale a pena controlar a pressão arterial de forma mais intensiva na DM2?

Resultados: meta de pressão arterial sistólica (PAS) em pacientes diabéticos

Foram randomizados 6.414 pacientes para o grupo tratamento intensivo e 6.407 para o grupo tratamento padrão. As características de base dos pacientes eram semelhantes, com idade média de 63,8 anos, 45,3% mulheres e 22,5% com história de doença cardiovascular.  

A PAS de base era 140,0 mmHg no grupo tratamento intensivo e 140,4 mmHg no tratamento padrão e os valores reduziram rapidamente nos dois grupos após intervenção, com diferença sustentada ao longo do seguimento. Em 1 ano era 121,6 mmHg no grupo intensivo e 133,2 mmHg no grupo padrão e após 1 ano, 60% do grupo tratamento intensivo estava na meta.  

No seguimento de 4,2 anos, o desfecho primário ocorreu em 393 pacientes (1,65 eventos por 100 pessoas-ano) no tratamento intensivo e 492 (2,09 eventos por 100 pessoas-ano) no tratamento padrão, com redução de risco de 21% (HR 0,79; IC95% 0,69-0,90, p < 0,001). A separação das curvas de Kaplan-Meier ocorreu a partir de 1 ano da intervenção. 

Houve redução da ocorrência de AVC fatal e não fatal, porém a ocorrência de IAM fatal ou não fatal e mortalidade por causas cardiovasculares foram semelhantes entre os grupos. A progressão de doença renal e ocorrência de eventos adversos graves foram semelhantes entre os grupos. Já hipotensão sintomática e hipercalemia ocorreram mais no grupo tratamento intensivo. 

Comentários e conclusão 

Esse estudo mostrou que entre os pacientes com diabetes tipo 2 e PAS elevada, o controle mais intensivo da PAS levou a menor incidência de eventos cardiovasculares adversos maiores em 5 anos.  

A maioria das diretrizes atuais recomenda meta de pressão arterial sistólica (PAS) menor que 130 mmHg em pacientes diabéticos, baseado em alguns estudos prévios. Porém, os resultados encontrados neste estudo sugerem que a meta deve ser mais baixa (< 120 mmHg), o que pode levar a mudanças nas recomendações. Alguns cuidados importantes são a monitorização em relação a hipotensão e hipercalemia, mais encontradas no grupo tratamento intensivo. 

Confira a cobertura do AHA 2024!

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