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Cardiologia28 julho 2025

Destaques do Congresso Brasileiro de Hipertensão

Um dos principais destaques do Congresso Brasileiro de Hipertensão foram as palestras internacionais sobre três novos fármacos que estão chegando no mercado
Por Ronaldo Gismondi

Nos dias 23 a 25 de julho, foi realizado no Rio de Janeiro o Congresso Brasileiro de Hipertensão. Entre os temas do evento, discutiu-se sobre a fisiopatologia, com apresentações científicas de áreas do ciclo básico, como fisiologia; desafios no diagnóstico e na monitorização residencial da pressão arterial; abordagem multidisciplinar, com ênfase em nutrição, enfermagem (autocuidado), psicologia (estresse e ansiedade), adesão ao tratamento e atividade física; assim como novidades terapêuticas. 

Um dos principais destaques foram as palestras internacionais com pesquisadores e médicos da International Society of Hypertension e da European Society of Hypertension: Rhyan Touyz, Pedro Cunha e Jan Danser. Eles apresentaram três novos fármacos que estão chegando no mercado. 

Leia também: Hipertensão resistente: como diagnosticar e tratar

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Aprocitentana  

É um duplo antagonista do receptor de endotelina (ETA/ETB) que foi avaliado para o tratamento da hipertensão resistente. No estudo PRECISION, o aprocitentana nas doses de 12,5 mg e 25 mg uma vez ao dia produziu reduções estatisticamente significativas na pressão arterial sistólica (PAS) de consultório em 4 semanas, em comparação com o placebo (diferença corrigida pelo placebo: -3,8 mmHg para 12,5 mg e -3,7 mmHg para 25 mg; p<0,005 para ambas as doses). O monitoramento ambulatorial da pressão arterial corroborou esses achados, com reduções de 24 horas na PAS de -4,2 mmHg (12,5 mg) e -5,9 mmHg (25 mg) em comparação com o placebo. 

O efeito anti-hipertensivo foi consistente em todos os subgrupos, incluindo pacientes negros, que apresentam maior risco de hipertensão resistente e eventos cardiovasculares. O evento adverso mais comum foi edema ou retenção de líquidos de leve a moderado, ocorrendo de forma dose-dependente (9% para 12,5 mg, 18% para 25 mg e 2% para placebo durante a fase duplo-cega), levando à descontinuação em uma minoria dos pacientes. Não foi observado aumento na disfunção renal em comparação com o placebo, e o perfil de segurança foi consistente entre as populações, incluindo aquelas com doença renal crônica. 

Baxdrostata  

Um inibidor seletivo da aldosterona sintase que demonstrou eficácia na redução da pressão arterial em pacientes com hipertensão arterial resistente. Revisões sistemáticas e análises de especialistas confirmam que o efeito anti-hipertensivo do baxdrostata é comparável a outros agentes da mesma classe, com uma redução da pressão arterial sistólica de aproximadamente 11 mmHg (corrigida pelo placebo) em casos de hipertensão resistente. 

A seletividade do baxdrostata pela aldosterona sintase em relação à 11β-hidroxilase minimiza o risco de supressão de cortisol, uma limitação observada com agentes anteriores dessa classe. O perfil de segurança é favorável, sendo a hipercalemia o principal efeito adverso de preocupação, o que é consistente com o mecanismo de bloqueio da aldosterona. Atualmente, o baxdrostata está sendo avaliado em estudos de fase 3. 

Zilebesirana  

Um RNA de interferência pequeno (siRNA) administrado por via subcutânea e conjugado com GalNAc. Sua ação consiste em bloquear a síntese de angiotensinogênio no fígado, suprimindo assim o sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) em sua etapa mais inicial.  

O estudo de fase 2, KARDIA-1, avaliou a zilebesirana como monoterapia em adultos com hipertensão leve a moderada. Em diversas doses (150 a 600 mg, administradas a cada 3 ou 6 meses), a zilebesirana produziu reduções significativas na pressão arterial sistólica média de 24 horas, medida por monitorização ambulatorial, em 3 meses (variando de -14,1 a -16,7 mmHg, dependendo da dose). Esses efeitos foram mantidos por 6 meses. 

Eventos adversos graves foram incomuns e não foram considerados relacionados ao medicamento. As alterações na função renal e no potássio sérico foram geralmente leves e transitórias, e a necessidade de terapia anti-hipertensiva de resgate foi menor nos grupos que receberam zilebesirana. 

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Referências bibliográficas

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