Otimização de jejum perioperatório com solução de carboidratos
Estudo avaliou se a administração oral de malto dextrina e frutose em cirurgias abdominais influenciam no bem-estar e resistência insulínica.
O racional por trás do jejum pré-operatório é a redução do risco de aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, o que estaria associado ao aumento da morbimortalidade perioperatória e piora do desfecho em caso de grandes volumes aspirados ou quando há partículas.
O que já se sabia
Atualmente, o tempo de jejum orientado depende de cada refeição:
- Alimentos gordurosos e proteínas: oito horas
- Refeições leves: seis horas
- Leite não humano e outros líquidos: seis horas
- Líquidos claros (café, chá, suco sem polpa, água, soluções de carboidratos): duas horas
No entanto, o estresse cirúrgico de cirurgias de grande porte tipicamente resulta em resistência insulínica, hiperglicemia e aumento de complicações pós operatórias, como infecção, em até 30%. A resistência insulínica diminui a entrada de glicose e sua utilização pela célula além de aumentar a produção de glicose endógena através gliconeogênese nos músculos e tecido gorduroso.
O que o estudo recente nos mostra
Visando contrapor tais pontos negativo, o estudo multicêntrico realizado em seis hospitais na China e publicado em junho de 2022, concluiu que a administração oral de malto dextrina e frutose nas cirurgias maiores abdominais (gástricas, colorretais e duodenopancreatectomias) podem não apenas melhorar o bem-estar do paciente como também reduzir a resistência insulínica pós operatória sem aumentar o risco de desconforto gastrointestinal ou aspiração pulmonar.
O consumo oral de carboidrato pré-operatório é uma estratégia já utilizada no protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) para reduzir o estresse cirúrgico e modular a sensibilidade insulínica durante e após a cirurgia.
Métodos
Nesse estudo foram administrados 800 ml e 200 ml de solução com carboidrato (contendo 50g de carboidrato, equivalente a uma concentração de 12,5%) dez horas e duas horas antes da cirurgia abdominal maior conforme protocolo ERAS no grupo controle ao passo que no grupo placebo foi administrado água.
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Resultados
Como desfecho primário, foi acompanhado do índice HOMA-IR antes da cirurgia e após a cirurgia, no primeiro e no terceiro dia em ambos os grupos. Foi observado que no grupo controle o índice HOMA-IR no pós operatório foi significativamente maior que grupo intervenção.
Como desfecho secundário foi observado que não houve aumento do risco de broncoaspiração na indução anestésica, demonstrando a segurança na prática clínica além de melhorar o conforto subjetivo no período pré-operatório com redução da ansiedade e da fome.
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Considerações
O estudo pondera que, apesar dos aspectos positivos encontrados, ele dispõe de limitações. Uma delas é sobre a idade dos participantes, pois incluiu apenas pacientes de 45 a 70 anos e com IMC 16,7 a 31,6 e exclui paciente com doenças metabólicas graves, como diabetes mellitus.
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