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Cirurgia28 outubro 2022

Otimização de jejum perioperatório com solução de carboidratos

Estudo avaliou se a administração oral de malto dextrina e frutose em cirurgias abdominais influenciam no bem-estar e resistência insulínica.

O racional por trás do jejum pré-operatório é a redução do risco de aspiração pulmonar do conteúdo gástrico, o que estaria associado ao aumento da morbimortalidade perioperatória e piora do desfecho em caso de grandes volumes aspirados ou quando há partículas.

garfo e faca em cima de mesa de madeira, representando jejum intermitente

O que já se sabia

Atualmente, o tempo de jejum orientado depende de cada refeição: 

  • Alimentos gordurosos e proteínas: oito horas 
  • Refeições leves: seis horas 
  • Leite não humano e outros líquidos: seis horas 
  • Líquidos claros (café, chá, suco sem polpa, água, soluções de carboidratos): duas horas 

No entanto, o estresse cirúrgico de cirurgias de grande porte tipicamente resulta em resistência insulínica, hiperglicemia e aumento de complicações pós operatórias, como infecção, em até 30%. A resistência insulínica diminui a entrada de glicose e sua utilização pela célula além de aumentar a produção de glicose endógena através gliconeogênese nos músculos e tecido gorduroso. 

O que o estudo recente nos mostra 

Visando contrapor tais pontos negativo, o estudo multicêntrico realizado em seis hospitais na China e publicado em junho de 2022, concluiu que a administração oral de malto dextrina e frutose nas cirurgias maiores abdominais (gástricas, colorretais e duodenopancreatectomias) podem não apenas melhorar o bem-estar do paciente como também reduzir a resistência insulínica pós operatória sem aumentar o risco de desconforto gastrointestinal ou aspiração pulmonar. 

O consumo oral de carboidrato pré-operatório é uma estratégia já utilizada no protocolo ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) para reduzir o estresse cirúrgico e modular a sensibilidade insulínica durante e após a cirurgia.  

Métodos 

Nesse estudo foram administrados 800 ml e 200 ml de solução com carboidrato (contendo 50g de carboidrato, equivalente a uma concentração de 12,5%) dez horas e duas horas antes da cirurgia abdominal maior conforme protocolo ERAS no grupo controle ao passo que no grupo placebo foi administrado água. 

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Resultados 

Como desfecho primário, foi acompanhado do índice HOMA-IR antes da cirurgia e após a cirurgia, no primeiro e no terceiro dia em ambos os grupos. Foi observado que no grupo controle o índice HOMA-IR no pós operatório foi significativamente maior que grupo intervenção. 

Como desfecho secundário foi observado que não houve aumento do risco de broncoaspiração na indução anestésica, demonstrando a segurança na prática clínica além de melhorar o conforto subjetivo no período pré-operatório com redução da ansiedade e da fome.

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Considerações 

O estudo pondera que, apesar dos aspectos positivos encontrados, ele dispõe de limitações. Uma delas é sobre a idade dos participantes, pois incluiu apenas pacientes de 45 a 70 anos e com IMC 16,7 a 31,6 e exclui paciente com doenças metabólicas graves, como diabetes mellitus. 

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Referências bibliográficas

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