Principais atualizações no tratamento do câncer retal
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer colorretal é o 3º mais frequente no Brasil, sem contar os cânceres de pele não melanoma. O risco estimado para o triênio 2023 a 2025 corresponde a cerca de 21,10 casos por 100 mil habitantes.
Nos Estados Unidos, é a segunda maior causa de morte por câncer. Aproximadamente 1/3 dos cânceres colorretais ocorrem no reto. O tratamento dessa doença está em constantes mudanças e melhorias. O National Comprehensive Cancer Network (NCCN) publicou em agosto de 2024 as atualizações em destaque nas suas diretrizes.
Atualizações recentes
Os destaques na última atualização do NCCN para o câncer de reto foram na dissecção endoscópica submucosa (ESD), terapia neoadjuvante total (TNT) e a terapia Watch-and-Wait.
Estudos mostraram que a dissecção endoscópica submucosa para tumores no estádio T1 N0 possui resultados semelhantes comparados com a cirurgia em relação a recidiva, sobrevida livre de doença e sobrevida global, com a vantagem de ter bem menos efeitos adversos e complicações cirúrgicas. Essa técnica consiste na ressecção do câncer retal precoce, em bloco.
Um estudo prospectivo recente na América do Norte avaliou 188 lesões em estágio inicial, removidas em bloco e alcançou ressecção R0 em 85,6% e 79,8% foram consideradas curativas.
A terapia neoadjuvante total, conhecida como TNT, também vem se mostrando promissora para tumores em estágio II e III. A proposta dessa modalidade é a realização de uma neoadjuvância completa com quimioterapia e quimiorradioterapia antes da cirurgia. A aplicação dessa técnica foi associada à resposta completa total e maior sobrevida livre de doença.
Existem vários estudos que comparam a maneira como o TNT é realizado. Um dos principais nessa área é o RAPIDO, que comparou o tratamento padrão com quimiorradioterapia seguido por cirurgia com excisão total do mesorreto (TME) e, após, quimioterapia com esquema CAPEOX ou FOLFOX versus radioterapia short-course, seguido por quimioterapia e, após, cirurgia (TME). Foram avaliados 912 pacientes com câncer localmente avançado e melhores resultados foram vistos com TNT, com taxa de falha nesse tratamento de 23,7% contra 30,4% no tratamento padrão.
Em relação ao Watch-and-Wait, inicialmente o NCCN não indicava essa abordagem, mas, em vista de resultados promissores, passou a anexá-la em suas diretrizes. Esse tratamento consiste em acompanhamento conservador, sem cirurgia, após quimio e radioterapia para câncer de reto inferior, com regressão completa da doença. O que se busca nessa modalidade é evitar os danos causados pela cirurgia que englobam desde incontinência até amputação do reto com colostomia permanente.
O que se pode levar para a prática clínica dessa atualização do NCCN?
Como os cânceres de reto envolvem aspectos importantes como cirurgia agressiva, colostomias e amputações, terapias que possam trazer resultados semelhantes e menos agressivos, são sempre bem-vindas.
É necessário indicação correta e acompanhamento seriado dos pacientes submetidos a terapias menos invasivas para que se possa agir em momento adequado. Nesse quesito, a ESD e a Watch-and-Weit têm suas indicações particulares e com resultados equiparados à cirurgia.
A TNT vem sendo cada vez mais instituída e com resultados que superam o tradicional tratamento com quimio e radioterapia, seguido por cirurgia e, após, quimioterapia solo.
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