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Clínica Médica2 agosto 2024

Estilo de vida e probabilidade de se tornar centenário

A expectativa de vida tem aumentado substancialmente, mostrando um desafio de saúde pública em promover envelhecimento saudável e longevidade.
Por Livia Capuxim

A expectativa de vida tem aumentado substancialmente, principalmente com avanço social, econômico e de saúde. Por consequência, a população idosa tem crescido rapidamente, mostrando um desafio de saúde pública em promover envelhecimento saudável e longevidade. 

Este estudo tem como objetivo estudar a relação entre estilo de vida saudável e a probabilidade de se tornar centenário entre pessoas de 80 anos ou mais na China. 

Leia mais: Caso clínico: paciente idosa com tremor no consultório

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Método 

Foram utilizados dados da Pesquisa de Longevidade da saúde Longitudinal Chinesa, uma das maiores coortes prospectivas com pessoas de 80 anos ou mais estabelecida em 1998 (fizeram seguimentos dos participantes e recrutaram novos a cada etapa). 

Desenho caso-controle prospectivo, com inicialmente 17.917 participantes elegíveis incluídos. Após excluírem os que perderam seguimento ou os com informações incompletas sobre os fatores de estilo de vida, ficaram com 5.222 participantes. Dentre estes, os centenários foram colocados no grupo de caso e combinados com aqueles que morreram antes dos 100 anos como grupo controle, com sexo, ano de entrada e idade ao entrar como variáveis combinadas. 

Foi construído um escore de estilo de vida saudável incluindo: tabagismo, uso de álcool, exercícios, diversidade alimentar e IMC. Depois de uma primeira análise, fizeram uma nova versão retirando IMC e uso de álcool, que poderia refletir melhor neste grupo de 80 anos ou mais os comportamentos de estilos de vida saudável e seu desfecho em saúde. 

Também foram obtidos dados sociodemográficos como: idade, sexo, residência, escolaridade, estado civil, além de autorrelato de condições crônicas como hipertensão, diabetes e câncer. Os dados foram analisados de dezembro 2022 a abril 2024. 

Resultados e discussão 

Do total de 5222 participantes, 1454 eram centenários e 3768 como controle (morreram antes dos 100 anos e combinados por idade, sexo e idade de entrada). Não foram vistas diferenças significativas entre casos e controles. Os maiores escores de estilo de vida saudável foram associados com uma maior probabilidade de se tornar um centenário de maneira dose-resposta. 

Não fumar, se exercitar e ter uma boa diversidade alimentar foram os componentes de estilo de vida significativamente associados a maiores chances de se tornar um centenário. Uso de álcool e IMC não tiveram associação significativa. 

No presente estudo, faltaram informações sobre o estilo de vida dos participantes quando mais jovens, não tendo como excluir uma exposição precoce (estilo de vida saudável) e a probabilidade de se tornar centenário. 

Veja também: Depressão resistente em idosos: definição e abordagem

Impactos na prática clínica 

O estudo mostrou componentes de estilo de vida mais associados aos centenários, sugerindo serem importantes alvos de intervenção. E mostrou que aderir ao estilo de vida saudável parece ser importante mesmo em idades mais avançadas, sugerindo que construir estratégias para melhorar comportamentos saudáveis parece ser um ponto chave para promover saúde e longevidade. 

Limitações 

– As informações sobre a maioria dos comportamentos de estilo de vida foram autorrelatos, então sujeitas a erros de medição; 

– Condições médicas também foram autorrelatadas. Mesmo após explicações detalhadas, pode subestimar a prevalência de doenças e levar a erros de classificação, e deixar confusões residuais por condições médicas não avaliadas; 

– Os fatores de estilo de vida do passado não eram bem especificados, resultando numa avaliação menos acurada de associação de estilo de vida do passado com efeitos na saúde de pessoas com idade bem avançada; 

– Mesmo com a correlação bem estabelecida entre fatores de estilo de vida e status socioeconômico, pode haver confundidores residuais não medidos como renda familiar e ocupação; 

– Apesar de uma coorte nacional, a generalização dos achados é limitada por cerca de 26% dos participantes perderam seguimentos, o que pode resultar num viés de seleção; 

– Não há como inferir causalidade por ser um estudo observacional.

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Referências bibliográficas

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