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Clínica Médica24 outubro 2024

IBP vs. P-CAB: Qual a supressão ácida mais potente?

A terapia antissecretora gástrica moderna conta com inibidores da bomba protônica (IBPs) e com bloqueadores de ácido competitivos de potássio (P-CABs).
Por Leandro Lima

A terapia antissecretora gástrica moderna conta, além dos já clássicos inibidores da bomba protônica (IBPs), com os potentes bloqueadores de ácido competitivos de potássio (P-CABs).

As principais diferenças entre as duas classes podem ser sintetizadas da maneira que se segue:

 

VariávelP-CABsIBPs
Efeito da acidez gástricaEstávelLábil
Pró-drogaNãoSim
Ligação à bomba protônicaReversível e iônicaIrreversível e covalente
Meia-vida6-9 horas1-2 horas
Impacto de polimorfismos genéticos do CYP 2C19AusentesPresentes
AdministraçãoIndependente das refeições30 a 60 minutos antes das refeições
Número de dias até a máxima supressão ácida1 dia3-5 dias
ExemplosVonoprazana, revaprazana, tegoprazana, fexuprazana, linaprazana e zastaprazana.Omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, esomeprazol, dexlansoprazol e rabeprazol

Leia também: Desprescrição do inibidor de bomba de prótons: recomendações American Gastroenterological Association

Na revisão sobre a integração dos P-CABs à prática clínica, publicada por Patel e colaboradores em setembro/2024 no periódico da American Gastroenterological Association, uma hierarquia de indicações clínicas para os P-CABs foi sugerida:

  • O uso é encorajado nas terapias de erradicação do Helicobacter pylori, com apelo especial nas infecções por cepas resistentes à claritromicina. A maior evidência subjacente é de origem asiática, com dados de uma meta-análise que englobou 7 RCTs favorecendo os P-CABs: 92% de erradicação do H. pylori com vonoprazana vs. 80% com IBP.
  • Trata-se de uma opção terapêutica na fase de indução e manutenção da esofagite erosiva grau C ou D de Los Angeles, com taxa de cicatrização da mucosa em 2 semanas superior aos IBPs: 70% com vonoprazana 20 mg/dia vs. 53% com lanzoprazol 30 mg/dia. A classe também pode ser considerada no tratamento da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e doença ulcerosa péptica (DUP) refratárias aos IBPs.
  • A utilidade em potencial dos P-CABs é incerta para o alívio sob demanda na pirose e na DUP com sangramento ativo ou estigmas de alto risco para sangramento;
  • Os P-CABs não devem ser utilizados como primeira linha de tratamento para a pirose não investigada, DRGE não erosiva e esofagite erosiva grau A ou B da Los Angeles, bem como na terapia ou profilaxia da DUP.

Dessa forma, levando-se em conta fatores como custos e ausência de dados de segurança de longo prazo, os P-CABs geralmente não devem ser utilizados como primeira linha de tratamento para condições ácido-relacionadas em que a superioridade clínica em relação aos IBPs não tenha sido demonstrada.

Veja mais: Uso prolongado de inibidores de bomba de prótons: mitos e verdades

IBP

Conclusão e Mensagens práticas

A disponibilidade dos P-CABs agregou potência ao tratamento das condições gastrointestinais ácido-relacionadas. Dessa forma, são ferramentas de grande valor, especialmente nas terapias de erradicação do Helicobacter pylori e na doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) erosiva grau C ou D de Los Angeles. Entretanto, com base nos custos e ausência de dados de segurança de longo prazo, não substituem, por ora, a indicação de primeira linha dos inibidores da bomba de prótons (IBPs) da DRGE erosiva grau A e B, DRGE não erosiva e pirose não investigada.

 

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Referências bibliográficas

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