Whitebook: saiba como é o manejo da febre maculosa
Em nossa publicação semanal de conteúdos do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação da febre maculosa. Saiba mais:
Essa semana no Portal da PEBMED falamos sobre o aumento dos casos de contaminação por febre maculosa no Brasil. Por isso, em nossa publicação semanal de conteúdos compartilhados do Whitebook Clinical Decision, separamos os critérios sobre diagnóstico e apresentação da febre maculosa.
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Fisiopatologia da Febre Maculosa
A etiologia está relacionada com as espécies Rickettsia rickettsii e Rickettsia parkeri, cujos principais vetores e reservatórios são os carrapatos do gênero Amblyomma. Porém, reconhece-se que qualquer espécie de carrapato pode ser reservatório, incluindo aqueles provenientes de cães, equídeos, roedores como a capivara e marsupiais como o gambá. A transmissão para os humanos ocorre a partir da picada do carrapato infectado com riquétsia quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas. Os carrapatos permanecem infectados durante toda a vida, em geral de 18 a 36 meses. O período de incubação da doença é de 2 a 14 dias.
Anamnese e Exame Físico
A febre maculosa pode apresentar manifestações clínicas diversas que variam desde quadros clássicos a formas atípicas sem exantema.Fase inespecífica: Início agudo com sintomas inespecíficos como febre, em geral alta; cefaleia; mialgia intensa; mal-estar generalizado; náuseas; vômitos.
Fase específica: Entre os dias 2 e 6 da doença surge o exantema maculopapular, com progressão centrípeta e predomínio nos membros inferiores, com possível acometimento das regiões palmar e plantar, porém o exantema pode estar ausente. Nos casos graves, o exantema vai se transformando em petequial e, depois, em hemorrágico, constituído principalmente por equimoses ou sufusões. No paciente não tratado, as equimoses tendem à confluência, podendo evoluir para necrose, principalmente em extremidades.
- Em caso de maior gravidade, pode-se observar a presença de:
- Edema de membros inferiores;
- Hepatoesplenomegalia;
- Manifestações renais: azotemia pré-renal caracterizada por oligúria e insuficiência renal aguda;
- Manifestações gastrointestinais: náusea, vômito, dor abdominal e diarreia;
- Manifestações pulmonares: tosse, edema pulmonar, infiltrado alveolar com pneumonia intersticial e derrame pleural;
- Manifestações neurológicas: déficit neurológico, meningite e/ou meningoencefalite com líquor asséptico;
- Manifestações hemorrágicas: petéquias e sangramento mucocutâneo, digestivo e pulmonar.
Obs.: O paciente pode evoluir para torpor e confusão mental, com alterações psicomotoras, evoluindo para o coma. Alterações como icterícia e convulsões podem ocorrer em fase mais avançada da doença.
O método sorológico mais utilizado para o diagnóstico consiste na imunofluorescência indireta (IFI), comumente positiva a partir do sétimo até o décimo dia de doença. Os anticorpos do tipo IgM podem apresentar reação cruzada com outras doenças como dengue, leptospirose, dentre outras. Os anticorpos IgG são os mais específicos. Para a confirmação diagnóstica pela sorologia, deve-se coletar a primeira amostra de soro nos primeiros dias da doença (fase aguda) e a segunda amostra de 14 a 21 dias após a primeira coleta, para avaliação de possível aumento de quatro vezes nos títulos de anticorpos.Outros métodos possíveis incluem: Imuno-histoquímica em amostras de tecidos obtidas em biópsia de lesões de pele de pacientes infectados, e a reação em cadeia da polimerase (PCR) para genes específicos do patógeno. A cultura do patógeno é possível, mas deve ser realizada em laboratórios especializados com nível de biossegurança 3.
Diagnóstico Diferencial
- Leptospirose;
- Dengue;
- Hepatite viral;
- Salmonelose;
- Meningoencefalite;
- Malária;
- Pneumonia por Mycoplasma pneumoniae;
- Meningococcemia;
- Sepse por estafilococos e por Gram-negativos;
- Viroses exantemáticas (enteroviroses, mononucleose infecciosa, rubéola, sarampo);
- Outras riquetsioses do grupo do tifo, erliquiose, borrelioses (doença de Lyme);
- Febre purpúrica brasileira;
- Farmacodermia;
- Doenças reumatológicas (como lúpus).
Indicações de internação: Doença complicada com sinais de gravidade e investigação diagnóstica.Indicações de alta: Estabilidade clínica, hemodinâmica e laboratorial, em uso de antibioticoterapia adequada.
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