Caso clínico: Larva migrans
Paciente de 54 anos apresentava queixa de prurido intenso no dorso com lesão que parecia aumentar diariamente de tamanho. Ao exame, havia uma placa serpiginosa com exculceração e bolhas. Na história, paciente negou contato com terra mas referiu praticar semanalmente vôlei de praia.
Confira a imagem:
Qual o diagnóstico e a conduta?
A hipótese diagnóstica foi de larva migrans a partir da história e do exame físico da paciente. O tratamento proposto foi Tiabendazol 5% pomada 3x/dia por 5 dias e Albendazol 400 mg 01 cp 1x/dia por 5 dias com resolução total do quadro e comprovando nosso diagnóstico.
A larva migrans é uma zoonose parasitária com erupção superficial da pele causada pela infestação de larvas de ancilostomídeos. É relacionada mais comumente com o Ancylostoma braziliense ou Ancylostoma caninum, encontradas no solo, principalmente na areia. As larvas no solo contaminado podem penetrar a pele de humanos através do contato cutâneo acidental em locais de clima tropical ou subtropical, como no Brasil, onde são endêmicos. Depois de entrar na pele, a larva migra na camada córnea da pele, criando o aspecto serpiginoso da lesão.
Seu quadro clínico é formado por vesículas ou pápulas eritematosas que acabam formando o trajeto serpiginoso elevado e associado com prurido, dor ou queimação local. O prurido é mais comum de noite. A larva costuma avançar 1-3 cm por dia e a localização no pé é a mais comum, principalmente em pessoas que tem hábito de andar descalças.
O diagnóstico é clínico e favorecido pela história. Exame laboratorial em alguns casos pode revelar eosinofilia.
O tratamento é realizado com agentes antiparasitários tópicos, como Tiabendazol e Ivermectina, e orais, como Albenzadol ou Ivermectina. Mebendazol é medicamento de segunda linha e nem sempre mostra benefício.
Existe uma variante clínica folicular que é mais rara, de diagnóstico mais difícil e que pode ser resistente ao tratamento de primeira linha ou necessitar de tratamento prolongado.
Considerações
No caso apresentado, vale destacar a prática de atividade esportiva na areia que pode justificar a localização da larva migrans no dorso da paciente, um local mais incomum de acometimento da pele. Trabalhadores ou pessoas que fazem atividades continuamente expostos ao solo contaminado ou em contato direto com animais que são hospedeiros definitivos dessas larvas — como gato e cachorros — e que podem depositar os ovos no solo através das suas fezes podem estar em maior risco de ter a infestação. Entre eles, agricultores, pedreiros, militares e pessoas que praticam atividade física na areia.
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