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Dermatologia30 setembro 2024

EADV 2024: Hiperpigmentação na acne

Foi discutido o que fazer e o que não fazer quando o tema é a hiperpigmentação pós-inflamatória dos pacientes com acne.
Por Mariana Santino

No congresso European Academy of Dermatology & Venereology (EADV 2024) tivemos dois blocos sobre acne, onde o espanhol José Luis Lopez-Estebaranz discutiu sobre o que fazer e o que não fazer no tratamento da hiperpigmentação pós-inflamatória da acne. 

A prevalência da hiperpigmentação pós-inflamatória na acne é de 45.5-87.2% e é mais comum em fototipo IV-VII. Segundo dados brasileiros de 2015, desordens pigmentares são as principais causas de consulta na dermatologia (23.6% nos homens e 29.9% nas mulheres). 

A sua fisiopatologia na acne é incompletamente entendida. É possível que a liberação de ácido aracdônico em resposta à inflamação epidérmica leve à oxidação das prostaglandinas, dos leucotrienos e de outras moléculas que estimulam a atividade dos melanócitos. A intensidade da resposta pigmentar parece ser correlacionada com grau da inflamação, com inflamação de longo prazo ou recaída. 

O que há de evidência? 

Não temos grandes evidências em como tratar a pigmentação na acne, mas há um consenso americano de método Delphi recentemente elaborado. O consenso cita como primeira linha o retinoide tópico e o peróxido de benzoíla, além da terapia oral em caso de doença moderada a grave. Hidroquinona, ácido azelaico, peeling químico e antioxidante podem ser adicionados para aumentar o efeito na pigmentação. Como segunda linha estão o peeling químico, microagulhamento, luz intensa pulsada, laser de picossegundos, laser 1.927 nm e 1.064 nm.

Nesse consenso, sugere-se que entre 9 e 11 anos de idade deve-se simplificar ao máximo o tratamento para aumentar a adesão, sugerindo iniciar com tópico menos agressivo e evitar tratamento oral antes da puberdade. Em caso de hiperpigmentação sem atividade da acne, hidroquinona, ácido azelaico, retinoide são primeira linha e o ácido kójico, segunda linha. 

O que fazer e o que não fazer? 

José Luis Lopez-Estebaranz destaca entre suas recomendações alguns pontos sobre o que se deve fazer e o que não se deve fazer. Ele sugere: 

  • Tratar a acne o mais cedo possível e de forma eficaz e agressiva, mas sem causar dano à barreira cutânea com mais irritação ou inflamação; 
  • Educar pacientes sobre a necessidade de não manipular ou escoriar as lesões de acne, já que isso pode prolongar a pigmentação; 
  • Usar diariamente protetor solar de amplo espectro, preferencialmente com cor; 
  • Usar retinoide tópico como primeira linha de tratamento, mas com cuidado de não usar concentração muito agressiva e usar veículo adequado; 
  • A hidroquinona tópica (2-4%) pode clarear a pele em 3-6 meses se a pigmentação for limitada a epiderme. Terapia tríplice pode ser mais efetiva; 
  • Ácido azelaico tópico, α hidroxiácido, vitamina C, ácido tranexâmico, ácido kójico, cisteamina, arbutina, extrato de licorice, mequinol, niacinamida, glucosamida são opções terapêuticas adicionais potentes; 
  • Não usar laser ablativo ou procedimentos invasivos; 
  • Peeling químico superficial (ácido salicílico e Jessner) pode ser adjuvante ao tratamento; 
  • Laser com comprimento de onda longo, pulso longo e baixa fluência podem ser segunda linha para lesões refratárias; 
  • Usar hidratante antes do retinoide tópico pode aumentar a hidratação e melhorar a barreira cutânea sem afetar a absorção. Para pacientes com a pele sensível, a aplicação antes pode ajudar a reduzir a irritação.
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