EADV 2024: Inibidores da JAK
No congresso European Academy of Dermatology & Venereology (EADV 2024) tivemos uma sessão de discussão sobre os inibidores da Janus kinase (JAK), opção terapêutica que despontou em diversas doenças dermatológicas nos últimos anos.
Em bloco destinado aos inibidores da JAK foram discutidas as suas indicações, a relevância da seletividade dos inibidores, os inibidores tópicos e sistêmicos que estão por vir, a segurança e as recomendações de monitorização.
O que é e quais são suas indicações na dermatologia?
Inibidores da JAK são medicações do tipo pequenas moléculas capazes de inibir a sinalização mediada por citocinas em células-alvo. JAK são enzimas do grupo tirosina quinase que atuam em diversas vias de sinalização do sistema inato e adaptativo.
Sua indicação na dermatologia começou em 2011 e já temos diversas opções bem documentadas na dermatite atópica, alopecia areata, vitiligo, eczema crônico de mãos, dermatomiosite, doença do enxerto versus hospedeiro, hidradenite supurativa, prurigo nodular e doença de Sjögren. Sua ação também vem sendo estudada em diversas outras, como líquen plano, granuloma anular e sarcoidose.
Seletividade dos inibidores da JAK é relevante?
Existem 4 famílias de JAK (1, 2, 3 e 4) e pares específicos são implicados na regulação da inflamação, imunidade e hematopoiese. Dependendo de qual JAK é ativada, os efeitos funcionais variam.
Inibidores da JAK podem ser seletivos para determinada família de JAK ou não seletivos. Em teoria, inibidores seletivos deveriam ser terapias mais direcionadas e com menos efeitos colaterais, mas isso é baseado em estudo laboratorial in vitro, podendo não representar como funcionaria in vivo. No que tange os estudos em alopecia areata, a segurança e a eficácia parecem ser similares e ainda não é claro se haveria benefício na troca de um inibidor não seletivo por um seletivo.
Quais são os inibidores da JAK em estudo?
Quanto às opções tópicas, na Europa, é aprovado Ruxolitinibe para vitiligo não segmentar em > 12 anos. Delgocitinibe e Brepocitinibe estão ganhando aprovação para outras doenças.
Quanto às opções sistêmicas, Baricitinibe, Upadacitinibe, Abrocitinibe, Ritlecitinibe e Tofacitinibe já são aprovados para diversas doenças. Brepocitinibe, Povorcitinibe, Deuruxolitinibe, Rovadicitinibe e Gusacitinibe estão em estudo.
E sobre a sua segurança e necessidade de monitorização?
O risco-benefício dos inibidores da JAK já aprovados se mostrou favorável em < 65 anos e sem fatores de risco para doença cardiovascular, trombose ou malignidade. Em ≥ 65 anos, tabagistas ou ex-tabagista ou com risco aumentado para câncer ou doença cardiovascular deve-se evitar o uso e naqueles com risco para trombose, usar com cautela.
Efeitos colaterais muito comuns do inibidor da JAK na dermatite atópica, por exemplo, são náusea, hipercolesterolemia, infecção (trato respiratório superior, infecção urinária, herpes simples, herpes zoster), acne, aumento da CPK ≥ 5 vezes o limite superior da normalidade e cefaleia.
Diferentemente dos imunobiológicos, os inibidores da JAK tem interações medicamentosas com outras medicações e as mesmas variam de acordo com o inibidor usado.
Antes de iniciar o inibidor da JAK é recomendado confirmar se há indicação para seu uso e solicitar exames laboratoriais (hemograma completo, função renal, hepatograma, lipidograma, CPK, sorologias para HIV, hepatite B e C) e screening para tuberculose. Para monitorização é sugerido hemograma completo, função renal, hepatograma, lipidograma, CPK um mês após o início do tratamento e depois a cada três meses.
Mensagem prática
Inibidores da JAK são medicamentos cada vez mais considerados em diversas doenças dermatológicas e devemos sempre pesar o risco-benefício do seu uso.
Confira os destaques do EADV 2024!
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