Novas recomendações da ADA e da SBD sobre o tratamento da hiperglicemia em idosos
Conheça as principais atualizações apresentadas no ADA 2023 sobre o manejo da hiperglicemia em pessoas idosas.
Este conteúdo foi produzido pela Afya em parceria com Boehringer Ingelheim de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal Afya.
Entre os dias 23 e 26 de junho, aconteceu na cidade de San Diego o congresso da American Diabetes Association – ADA 2023, marcado principalmente pela apresentação de grandes estudos envolvendo o tratamento da obesidade em pacientes com e sem diabetes mellitus (DM). Durante o congresso, foram também discutidas as atualizações do guideline 2023 da ADA, o famoso Standards of Care publicado anualmente.
Dentre as recomendações do guideline publicado em 2023, há atualizações sobre o manejo da hiperglicemia em pessoas idosas. Aqui, é preciso ressaltar a importância de diretrizes específicas para essa população, uma vez que os idosos portadores de diabetes mellitus têm taxas mais elevadas de hipoglicemia, morte prematura, incapacidade funcional, perda muscular acelerada e doenças coexistentes, como hipertensão, doença cardíaca coronariana e acidente vascular cerebral.
O primeiro passo na abordagem do DM em pacientes idosos é avaliar a presença de condições que podem ser determinantes na tomada decisão terapêutica, como comprometimento cognitivo, sarcopenia, comorbidades graves e histórico de hipoglicemias. Dessa forma, será possível estabelecer metas terapêuticas individualizadas.
A ADA recomenda que pacientes idosos saudáveis, ou seja, com poucas doenças crônicas coexistentes e função cognitiva intacta devem ter metas glicêmicas mais baixas (como HbA1c <7,0–7,5%). Por outro lado, aqueles com múltiplas doenças crônicas coexistentes, comprometimento cognitivo ou dependência funcional devem ter metas glicêmicas menos rigorosas (como HbA1c <8,0%). Um estudo apresentado no congresso da ADA, na sessão de pôsteres, descreveu uma “curva em U” associando níveis de HbA1c e mortalidade em 179.723 idosos diabéticos com componentes de fragilidade do Reino Unido, ou seja, níveis altos e muito baixos de HbA1c aumentaram o risco de morte.
Quanto à abordagem terapêutica daqueles idosos portadores de diabetes mellitus tipo 2, dois verbos ganham destaque nas diretrizes americanas: simplificar e desintensificar o tratamento. O principal objetivo dessa estratégia é reduzir o risco de hipoglicemia e polifarmácia, além de melhorar a qualidade de vida do paciente, principalmente quando se trata de um idoso frágil.
Novo capítulo sobre a avaliação e tratamento de pessoas idosas com diabetes
É importante observar que, também agora em 2023, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) incluiu um novo capítulo sobre a avaliação e tratamento de pessoas idosas com diabetes. No caso de pacientes idosos com funcionalidade preservada e boa saúde geral, a SBD recomenda manter o tratamento proposto para os pacientes com DM2 não idosos. No entanto, aquele paciente considerado comprometido ou frágil será submetido a uma abordagem diferenciada. O tratamento da hiperglicemia nesses casos deverá levar em consideração os níveis de HbA1c e índice de massa corporal (IMC) do paciente, como pode ser visto na Figura 01.
Conforme observado na figura, os inibidores da dipeptil peptidase 4 (iDPP4) são recomendados como terapia de primeira linha para o idoso frágil, com HbA1c abaixo de 10% e baixo peso (IMC menor que 22 kg/m2). Tais agentes possuem como principal vantagem, nesse grupo de pacientes, o fato de serem bem tolerados, com risco mínimo de hipoglicemia, sem promover redução de peso em um paciente já sarcopênico e com síndrome de fragilidade. Além disso, podem ser utilizados em pacientes com comprometimento da função renal, seja com dose ajustada (sitagliptina, alogliptina, saxagliptina, vildagliptina) ou até mesmo sem necessidade de quaisquer ajustes, como é o caso da linagliptina.
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