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Gastroenterologia4 outubro 2024

AAP 2024: A Mudança do cenário da prevenção de Alergia Alimentar

O Dr. David Stukus apresentou durante o encontro anual da Academia Americana de Pediatria as atuais evidências para prevenção da alergia alimentar.
Por Jôbert Neves

A alergia alimentar é um tema crescente nos últimos anos, sendo de fundamental importância as discussões em relação a sua prevenção. Porém, muitas vezes, as estratégias sem evidências científicas fortes acabam sendo aplicadas nos pacientes, sem efeitos significativos. Neste contexto, o Dr. David Stukus apresentou durante o encontro anual da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), as atuais evidências para prevenção da alergia alimentar, veja:  

Estratégias emergentes para prevenção de alergias 

Dieta materna durante a gravidez ou amamentação – Existe algum benefício? 

  • Essa é de longe umas das estratégias mais utilizadas para prevenção de alergia alimentar, veja o que devemos considerar: 
  • Intervenção: Nenhuma modificação específica.  
  • Base de evidência: Nenhum benefício ou dano significativo observado, logo não deve se utilizar.  

Saiba mais: Alergia alimentar: Aspectos do microbioma de lactentes com FPIES

Diversidade na dieta materna durante a gravidez  

  • Intervenção: Incentivar uma dieta variada.  
  • Base de Evidência: Sinais fracos sugerindo benefícios potenciais; mais pesquisas com melhores metodologias são necessárias. 

Suplementos de Vitamina D 

  • Intervenção: Suplementação durante a gravidez.  
  • Base de Evidência: Nenhum benefício significativo encontrado. 

Formulação/suplementação à base de leite de vaca  

  • Intervenção: Considerar a introdução muito precoce (dentro dos primeiros 3 meses) e a exposição consistente.  
  • Base de evidência: Pode potencialmente prevenir alergias em bebês suscetíveis. Tema polêmico e com mecanismo pouco esclarecido. Não devendo ser aplicado ainda para todos os pacientes.  

Microbioma e uso de probióticos/probióticos  

  • Base de Evidência: Associação forte com resultados positivos, mas não é possível recomendar cepas ou dosagens específicas neste momento. 

Proteção da barreira cutânea epitelial  

  • Intervenção: Uso de cremes ou hidratantes de barreira.  
  • Base de Evidência: Pode atrasar o início da dermatite atópica, mas não previne alergias. 

Alergia alimentar apesar da Introdução precoce:  

Existe um subconjunto de crianças que ainda desenvolvem alergias alimentares, mesmo com introdução precoce do alimento potencialmente alergênico. Isso destaca a necessidade de pesquisa contínua para entender os fatores complexos envolvidos no desenvolvimento de alergia alimentar e para identificar estratégias para prevenir ou gerenciar alergias nesses casos. 

Cuidado! Veja quais são os fatores que contribuem para o excesso de diagnóstico de alergias alimentares: 

Programas de triagem ineficaz:  

  • Atrasos ou execução ineficiente de procedimentos de triagem de alergias podem levar à identificação incorreta de alergias. 

Atraso na introdução precoce de alimentos alergênicos:  

  • Introduzir alimentos alergênicos tardiamente na dieta de uma criança pode afetar a tolerância do sistema imunológico e aumentar as alergias percebidas. Deve-se aproveitar a janela imunológica, por volta de 3-6 meses de vida. No Brasil, a recomendação é iniciar a partir de 6 meses de idade a introdução dos alimentos sólidos.  

Dependência excessiva de marcadores de sensibilização alérgica para diagnóstico 

  • Foco em testes que indicam sensibilização, em vez de sintomas clínicos, pode resultar em diagnósticos de alergias que não são clinicamente relevantes. 

Expansão indevida da triagem 

  • Realizar testes para outros alérgenos alimentares não relacionados em populações que não são especificamente de risco, levando a diagnósticos desnecessários. 

Veja também: Alergia alimentar atinge 10% da população

Considerações práticas para profissionais de saúde: 

  • Estratificação de risco: Faça uma abordagem sistemática para a avaliação de risco, particularmente para bebês com eczema moderado a grave, que são considerados em maior risco de desenvolver alergias alimentares. 
  • Comunicação e aconselhamento das famílias: Tenha uma comunicação clara e do aconselhamento eficaz com as famílias, abordando suas preocupações, oferecendo tranquilidade e oferecendo orientações práticas para a introdução de alimentos alergênicos, além de orientá-los de quais são as atuais evidências disponíveis para contornar e manejar essa situação.  
  • Educação além do consultório: A importância de expandir a educação além de encontros clínicos é enfatizada. Isso inclui fazer parceria com alergistas, incorporar a prevenção de alergia em consultas de bem-estar infantil, fornecer recursos escritos e incorporar frases inteligentes em prontuários médicos eletrônicos. 
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