Intolerância à sacarose e sintomas inexplicáveis do trato gastrointestinal
Visando conhecer melhor a intolerância à sacarose, Frissora e Rao em 2022 realizaram estudo de revisão de prontuários.
Estima-se que 70% da população adulta apresente alguma forma de intolerância a carboidratos. Normalmente quando se fala de intolerância, sempre pensamos em intolerância à lactose, mas outras intolerâncias também são frequentes, tais como frutose, frutano e sacarose.
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A intolerância à sacarose parece ser mais prevalente do que o anteriormente pensávamos. Essa é causada pela deficiência na atividade da enzima sacarase no intestino delgado, podendo ser congênita por deficiência de sacarase-isomaltase ou adquirida normalmente por lesão da borda em escova intestinal.
Clinicamente, o paciente pode apresentar cólicas pós-prandiais, distensão abdominal, gases e/ou diarreia. O grande problema é que esses sintomas podem ocorrer também em distúrbios gastrointestinais funcionais, como Síndrome do Intestino Irritável. O teste padrão-ouro para diagnosticar a deficiência de sacarase é um ensaio enzimático de sacarase de biópsias duodenais obtidas por endoscopia.
Os testes respiratórios de hidrogênio-metano ou C-sacarose são métodos não invasivos para rastrear má absorção de sacarose, sendo os mais usados na prática clínica.
Visando conhecer melhor a intolerância à sacarose, Frissora e Rao em 2022 realizaram estudo de revisão de prontuários. Foram estudados 258 adultos consecutivos (47 homens e 211 mulheres) com sintomas gastrointestinais crônicos inexplicáveis e suspeita de intolerância à sacarose que foram examinados com hidrogênio-metano ou teste respiratório de sacarose.
A incidência de má absorção de sacarose com dois testes respiratórios diferentes de hidrogênio-metano foi de 34,4% (21/61) (Commonwealth Diagnostics International, Inc., Salem, MA) e 40% (20/50) (Aerodiagnostics, Concord, MA). A incidência de má absorção de sacarose com o teste respiratório de 13 C-sacarose foi de 26,5% (39/147).
Em um subgrupo de 43 pacientes com testes respiratórios positivos e acompanhamento clínico, o aconselhamento sobre dieta e/ou reposição enzimática levou à melhora sintomática em 26 de 43 pacientes, ou seja, 60%. Isso mostra que quando for detectada deficiência de sacarase, uma terapia de modificação da dieta e terapia de reposição enzimática pode ser iniciada.
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Em conclusão, pacientes adultos com intolerância à sacarose podem apresentar sintomas semelhantes aos da síndrome do intestino irritável. Testes respiratórios podem ser úteis para identificar a intolerância à sacarose e diferenciá-la de outros distúrbios gastrointestinais.
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