Associação entre idade materna jovem e anomalias fetais
As anomalias congênitas, funcionais e estruturais, são relativamente frequentes na população, com uma estimativa de 10% dos natimortos. Vários fatores estão associados à ocorrência dessas anomalias, inclusive a idade materna. O objetivo dessa análise foi avaliar a associação entre gravidez em idade jovem ou na adolescência (antes dos 20 anos) e anomalias congênitas, comparando com mulheres acima de 20 anos.
Metodologia
Trata-se de uma revisão sistemática e metanálise. Foram incluídos artigos revisados por pares, em inglês, que usaram metodologias de coorte, transversais e caso-controle, excluindo aqueles com menor validade interna e externa. As fontes de dados incluíram as bases EMBASE, PubMed, Cochrane e Web of Science, e os estudos revisados foram publicados entre janeiro de 2010 e novembro de 2023.
Para o processo de seleção, títulos e resumos foram inicialmente triados e, em seguida, os textos completos foram revisados quanto à validade. A coleta de dados foi padronizada com um template específico, extraindo informações-chave de cada estudo. A avaliação de qualidade foi realizada usando escalas como Newcastle-Ottawa e a ferramenta Cochrane, com a maioria dos estudos sendo classificada como “boa”. A meta-análise sintetizou os dados, incluindo subanálises por região e tipo de anomalia congênita, resultando em uma conclusão geral robusta e confiável sobre o tema.
Os desfechos dos dados foram operacionalizados em unidades mensuráveis, como taxas de prevalência, incidência e mortalidade decorrentes de anomalias fetais congênitas.
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Resultados
Foram selecionados 78 estudos da EMBASE, 26 da PubMed, 2 da Cochrane e 43 da Web of Science. Após a exclusão de duplicatas, apenas 20 artigos foram considerados elegíveis para a revisão sistemática e meta-análise. Foram incluídos estudos que relataram anomalias fetais congênitas em mães adolescentes, abrangendo condições como defeitos do tubo neural, defeitos da parede abdominal, defeitos cardíacos e outras anomalias estruturais ou funcionais identificadas durante a triagem pré-natal, exames diagnósticos ou no nascimento.
Os estudos sobre anomalias fetais congênitas analisados abrangem diferentes metodologias e regiões geográficas, incluindo 2 estudos caso-controle, 6 de coorte, 10 transversais e 2 caso-controle aninhados. As regiões cobertas incluem Etiópia, Europa, EUA, China, Tailândia, Arábia Saudita, Argentina, Irlanda, Finlândia e Taiwan, com dados de 80.393.450 participantes no total, entre 2014 e 2021.
A meta-análise utilizou Odds Ratios (OR) como medida de efeito, adotando um modelo de efeitos aleatórios. O critério para idade materna jovem foi a idade de ≤ 20 anos. A metanálise revelou um OR combinado de 0,93 (IC 95%: 0,82–1,05, p = 0,252), indicando que não há associação estatisticamente significativa entre idade materna jovem (≤ 20 anos) e anomalias fetais. No entanto, foi observada uma heterogeneidade considerável (I² = 96,21%). A metanálise também não encontrou diferenças estatisticamente significativas na ocorrência de anomalias congênitas em fetos de mulheres mais jovens do que na população geral.
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Conclusões: idade materna e anomalias fetais
Devido à significativa heterogeneidade entre os estudos analisados e ao risco de viés, é importante interpretar os resultados com cautela, e investigações adicionais são recomendadas para aprofundar a compreensão sobre a relação entre a idade materna e o risco de anomalias fetais. Ainda assim, o estudo aponta diferenças notáveis que, ao serem analisadas em conjunto, perdem intensidade, sugerindo que outros fatores além da idade materna podem ter grande influência. Em particular, aspectos como o acesso limitado ou a qualidade desigual dos cuidados de saúde em determinadas regiões podem desempenhar um papel ainda mais determinante no aumento dos riscos, indicando a necessidade de considerar contextos regionais e estruturais na análise desses dados.
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