Azitromicina para prevenir sepse ou morte em mulheres que planejam parto vaginal
Um estudo comparou azitromicina e placebo em mulheres em trabalho de parto ou planejavam parto normal induzido.
As infecções maternas em particular a sepses materna durante o período periparto responde por até 10% das mortes maternas e estão entre as principais causas de morte materna no mundo. As mortes causadas por hemorragias e pré-eclampsia tem se mantido estáveis ou até diminuído. A sepse neonatal contabiliza 16% das causas de morte neonatal, sendo a terceira causa de morte neonatal.
A OMS e outras entidades tem priorizado ações para diminuir sepse materna pela diminuição de infecções maternas no pré-natal e principalmente na época de parto para diminuir as mortes maternas. Entre as opções sugeridas está o uso de antibioticoprofilaxia periparto.
Métodos
Um estudo randomizado multinacional duplo cego publicado no New England Journal of Medicine em fevereiro de 2023, utilizou 2g de azitromicina via oral comparado com placebo em 29.278 mulheres com mais de 28 semanas que estavam em trabalho de parto ou planejavam parto normal induzido para avaliar a eficácia na prevenção de infecções maternas e fetais. Foram excluídas do estudo parturientes com mais de seis centímetros de dilatação, com infecções em uso de antibióticos na época da randomização, arritmias ou cardiomiopatia conhecida, alergia a azitromicina ou outro macrolídeo ou que tenham feito uso deles nos últimos três dias, cesárea planejada ou quaisquer condições médicas que o investigador julgasse contraindicações para o estudo.
Resultados
Os desfechos primários analisados foram sepse materna ou morte materna dentro de seis semanas pós parto e um composto de natimortalidade ou sepse e/ou morte neonatal dentro de quatro semanas pós-parto. Os desfechos secundários maternos incluíram: corioamnionite, endometrite, infecções de parede abdominal, abscessos abdominais ou pélvicos, mastite ou abscesso mamário, pneumonia ou pielonefrite. Desfechos clínicos como antibioterapia, readmissão hospitalar, admissão em unidade especial hospitalar (UTI) e consultas extraordinárias puerperais foram computados nas análises também.
Dois grupos foram assim formados: azitromicina com 14.590 mulheres e 14.688 recebendo placebo. Os países participantes pertenciam a África, Ásia e América Latina.
Leia também: Novo guideline sobre perda gestacional recorrente da ESHRE
Conclusões
Neste estudo, o uso de azitromicina oral intraparto entre mulheres que foram planejar um parto vaginal resultou em menor risco de sepse materna (1,6% vs 2,4%; RR 0,67, IC 95%, 0,56 – 0,79, P < 0,001) ou morte do que o placebo, um resultado que foi mais significativo pela redução na sepse (risco de morte foi de 0,1% nos dois grupos; RR 1.23; IC 95%, 0.51 to 2.97). No entanto, a intervenção não reduziu a risco de sepse ou morte em recém-nascidos.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.