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Ginecologia e Obstetrícia25 outubro 2024

Vacinação e gravidez: quais vacinas são necessárias na gestação? 

A vacinação durante a gravidez é uma das medidas mais eficazes para proteger a saúde materna e neonatal.

O sistema imunológico da gestante sofre alterações, o que a torna mais vulnerável a doenças infecciosas. Além disso, a infecção materna pode trazer consequências graves para o feto, como malformações, parto prematuro e até morte fetal. A vacinação adequada previne essas complicações e promove a transferência de anticorpos para o bebê, oferecendo-lhe proteção até que ele possa ser vacinado. 

No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) fornece orientações claras sobre as vacinas recomendadas para gestantes. Essas orientações são baseadas em evidências científicas e têm como objetivo garantir a segurança e a eficácia da imunização durante a gravidez. Embora algumas vacinas sejam indicadas de forma rotineira, outras são recomendadas em situações especiais, enquanto certas vacinas são contraindicadas. 

Saiba mais: Desfechos obstétricos associados à infecção por coqueluche e influenza 

Vacinas Contraindicadas na Gestação 

Durante a gestação, vacinas que contêm vírus vivos atenuados ou não foram testadas durante a gravidez não devem ser administradas, pois podem representar um risco para o feto. Entre essas vacinas estão a tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola), a vacina contra varicela (catapora), a vacina contra dengue e a vacina contra HPV. No caso de a mulher ter recebido uma dessas vacinas antes de descobrir que estava grávida, recomenda-se o acompanhamento médico, mas geralmente não são necessárias intervenções adicionais. 

Vacinas Indicadas em Situações Especiais 

Algumas vacinas são recomendadas apenas em situações específicas. Por exemplo, a vacina contra a febre amarela, geralmente contraindicada, pode ser aplicada em gestantes que residam ou viajarão para áreas de risco de transmissão da doença, mediante avaliação médica. Outras vacinas, como as vacinas contra hepatite A e doenças pneumocócicas, são indicadas para gestantes em risco elevado de exposição a essas infecções ou com condições que aumentem a gravidade dessas doenças. 

Vacinação e gravidez: quais vacinas são necessárias na gestação? 

Imagem de freepik

Vacinas Recomendadas 

Entre as vacinas recomendadas de forma rotineira para gestantes no Brasil, destacam-se: 

Dupla Adulto (dT) e dTpa (Difteria, Tétano e Coqueluche) 

A vacinação contra difteria, tétano e coqueluche é essencial durante a gestação. A vacina dT protege contra difteria e tétano, enquanto a dTpa inclui também proteção contra coqueluche. Esta última é especialmente importante, pois a coqueluche pode ser fatal para o recém-nascido. 

O esquema de vacinação depende do histórico vacinal da gestante:  

  • Gestante não vacinada previamente: administrar 3 (três) doses de vacina contendo toxoide tetânico e diftérico com intervalo de 60 dias entre as doses. Sendo 2 (duas) doses de dT em qualquer momento da gestação e 1 (uma) dose de dTpa, a partir da vigésima semana de gestação;
  • Gestante vacinada com 1 (uma) dose de dT: administrar 1 (uma) dose de dT em qualquer momento da gestação e 1 (uma) dose de dTpa a partir vigésima semana de gestação com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias; 
  • Gestante vacinada com 2 (duas) doses de dT: administrar 1 (uma) dose da dTpa a partir vigésima semana de gestação; 
  • Gestante vacinada com 3 (três) doses de dT: administrar 1 (uma) dose de dTpa a partir da vigésima semana de gestação. 

Mesmo com esquema completo (três doses de dT ou dTpa) e/ou reforço com dT ou dTpa, a gestante deverá receber sempre 1 (uma) dose de dTpa a cada gestação. O tétano neonatal possui alta taxa de letalidade devido à contaminação do cordão umbilical durante o parto. A difteria pode causar obstrução respiratória, tendo alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos. 

Vacina contra Hepatite B 

A hepatite B pode ser transmitida da mãe para o bebê durante a gestação ou no momento do parto. A vacinação contra hepatite B é recomendada para todas as gestantes, especialmente se não completaram o esquema vacinal previamente. O esquema consiste em três doses, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda dose, e seis meses entre a primeira e a terceira. Caso a gestante não complete o esquema durante a gravidez, deve fazê-lo no pós-parto. 

Vacina contra Influenza 

A gripe é uma doença comum, mas potencialmente perigosa para gestantes, especialmente considerando o risco de complicações como pneumonia. A vacina contra influenza é recomendada para todas as gestantes, independentemente do trimestre, e também para puérperas, até 45 dias após o parto. A vacina é administrada anualmente, seguindo a campanha de vacinação do Ministério da Saúde, que ocorre antes do período de maior circulação do vírus. 

Vacina contra covid-19 

Desde o início da pandemia de covid-19, as gestantes foram consideradas grupo prioritário para a vacinação. A vacina contra covid-19 previne formas graves da doença, que podem afetar gravemente tanto a mãe quanto o bebê. A vacinação é recomendada para gestantes em qualquer trimestre e para puérperas. No Brasil, o esquema de vacinação recomendado inclui duas doses da vacina, com um reforço adicional quatro meses após a segunda dose. 

Vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) 

A vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) tem sido alvo de grandes avanços no cenário global, com o objetivo de prevenir doenças respiratórias graves, especialmente em lactentes e idosos.  

Em 21 de agosto de 2023, a agência regulatória dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), aprovou a vacina Abrysvo® para uso em gestantes, com a finalidade de prevenir infecções graves do trato respiratório inferior causadas pelo VSR em bebês, desde o nascimento até os 6 meses de idade. Essa vacina é indicada para gestantes entre 32 e 36 semanas de gestação e é administrada como uma dose única intramuscular. Essa aprovação representa um marco importante na proteção neonatal contra o VSR. 

A União Europeia, por meio da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), também aprovou o uso da mesma vacina para gestantes, mas com um intervalo maior, entre 24 e 36 semanas de gestação. Ambos os processos de aprovação mostram a preocupação mundial com a prevenção de infecções graves por VSR, especialmente em recém-nascidos, que são um grupo particularmente vulnerável. 

No Brasil, a vacina foi recentemente autorizada pela Anvisa para a prevenção de infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR). A Abrysvo é uma vacina bivalente, composta por dois antígenos da proteína F do VSR, sendo aplicada em dose única via intramuscular durante o segundo ou terceiro trimestre da gestação. 

Estudos clínicos demonstraram a eficácia da vacina na prevenção de formas graves de infecções respiratórias, com maior impacto na redução de hospitalizações em lactentes. Os efeitos adversos observados, como dor no local da aplicação e cefaleia, foram leves e autolimitados, reforçando a segurança do imunizante. Além disso, a vacina foi aprovada para uso em indivíduos com 60 anos ou mais, outro grupo de risco para complicações associadas ao VSR. 

Apesar da aprovação pela Anvisa, a vacina Abrysvo ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma opção que, no momento, deve ser obtida de forma privada. A inclusão no calendário público de imunização pode ocorrer no futuro, mas ainda não há previsão oficial para sua disponibilização no SUS. 

Importância da Vacinação na Gravidez 

A vacinação durante a gestação não só protege a saúde da mulher, mas também oferece proteção passiva ao bebê. Vacinas são seguras, eficazes e fundamentais para prevenir complicações graves em gestantes e bebês. No Brasil, as vacinas recomendadas durante a gravidez estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), o que garante o acesso universal à proteção.

Leia também: Vacinas que não podem ser esquecidas na infância

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Referências bibliográficas

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