A Conferêcia da International AIDS Society 2025 (IAS 2025) está ocorrendo em Ruanda e é um dos mais importantes na área de Infectologia, trazendo resultados de novos estudos e novas recomendações de organizações internacionais.
No primeiro dia de conferência, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou seus novos guidelines versando sobre profilaxia, tratamento e manejo da infecção pelo HIV.
Confira as principais atualizações:
Novas recomendações de profilaxia pré-exposição (PrEP)
– O antirretroviral injetável de longa duração lenacapavir (LEN) deve ser oferecido como opção adicional de proteção para pessoas sob risco de aquisição do HIV, como parte de estratégias de prevenção combinada.
– Lenacapavir deve ser oferecido como uma opção de prevenção, junto com outras modalidades de PrEP e outras medidas de prevenção.
– LEN está aprovado para uso em gestantes e lactantes, tanto para início de PrEP quanto para continuidade.
– Como parte dos planos nacionais de implementação do lenacapavir, deve-se considerar:
- Treinamento dos profissionais que ofertam PrEP
- Necessidades específicas de cada população
- Modelos diferenciados de oferta dos serviços
- Integração de serviços para maximizar aceitabilidade e acessibilidade
- Atividades que aumentem conhecimento e gerem demandas
– Sistemas de monitoramento e vigilância devem ser implementados, incluindo monitoramento de eventos adversos durante gestação e amamentação e de soroconversões e resistência específica a lenacapavir.
– O guideline reforça que a introdução bem-sucedida do LEN depende da participação plena das comunidades no desenho, implementação e monitoramento dos programas desenvolvidos.
– Ainda não há dados suficientes para que e façam recomendações em relação a autotestagem para HIV no contexto de drogas de longa duração.
– Testes rápidos diagnósticos podem ser utilizados para início, continuação e descontinuação de PrEP de longa duração.
– Os testes rápidos são preferenciais aos testes baseados em NAT para uso em programas de PrEP de longa duração. Estudos demonstraram que os testes rápidos são mais custo-efetivos, com resultados mais rápidos e com maior aceitabilidade.
Tratamento de HIV
Novas recomendações foram feitas em relação aos esquemas preferenciais para tratamento de adultos, crianças e adolescentes com HIV:
Tratamento | Recomendação prévia | Nova recomendação |
Inibidor de protease (IP) preferencial e alternativas | Atazanavir/ritonavir (ATV/r) e lopinavir/ritonavir (LPV/r) como IPs preferenciais
Darunavir/ritonavir (DRV/r) como alternativa | DRV/r como preferencial
ATV/r e LPV/r como alternativas |
Inibidores de transcriptase reversa (ITR) preferencial e alternativas | Tenofovir (TDF) como opção preferencial para início de tratamento em adultos e adolescentes
Abacavir (ABC) como opção preferencial para início de tratamento em crianças
Zidovudina (AZT) ou tenofovir alafenamida (TAF) como alternativas em situações especiais | Adultos, adolescentes e crianças > 30kg: TDF ou TAF como opções preferenciais para início ou para esquemas subsequentes (mesmo com uso prévio de TF ou AZT)
Crianças < 30kg: ABC como opção preferencial para início de tratamento. ABC ou TAF como opções preferenciais em esquemas subsequentes (mesmo com uso prévio de ABC ou AZT) |
Sequência de ITR em regimes posteriores | AZT em esquemas subsequentes se uso prévio de TDF ou AZT (e vice-versa) | |
Terapia dupla oral | – | Dolutegravir (DTG) com lamivuina (3TC) como estratégia de simplificação em adultos e adolescentes com CV indetectável e sem infecção ativa por HBV |
Esquema com injetáveis de longa duração | – | Cabotegravir (CAB) com rilpivirina (RPV) сomo opção alternativa para troca em adultos e adolescentes com CV indetectável e sem infecção ativa por HBV |
– A opção por recomendar DRV/r como IP preferencial baseia-se no fato de estudos terem demonstrado menos eventos adversos e maior eficácia, sem alterações significativas e custo, do DRV/r em comparação com ATV/r e LPV/r.
– A recomendação de CAB/RPV como possibilidade de terapia dupla alternativa é condicional, principalmente por dados limitados desse esquema em gestantes, lactantes e crianças.
Tratamento preventivo de tuberculose (TPT)
– O esquema de isoniazida + rifapentina por 3 meses (3HP).
– Esquemas com isoniazida por 6 ou 9 meses (6H ou 9H) são esquemas alternativos é o esquema preferencial, com 6H ou 9H como alternativas.
Manejo de AIDS avançada
– Contagem de CD4 é o método preferencial para identificação de AIDS avançada.
– Se a contagem de CD4 não estiver disponível, o estadiamento clínico da OMS pode ser utilizado, apesar de problemas com acurácia.
– Recomenda-se paclitaxel ou doxorubicina lipossomal peguilhada para o tratamento de Sarcoma de Kaposi em pessoas vivendo com HIV.
Integração dos serviços de HIV com serviços de cuidados de doenças crônicas não transmissíveis (notadamente HAS e DM) e de saúde mental (notadamente depressão, ansiedade e abuso de álcool.
Os novos guidelines da OMS já foram disponibilizados para consulta no site da organização e estão disponíveis nos seguintes links:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240111608
https://www.who.int/publications/i/item/B09471-eng
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.