PCDT de dor crônica: quais são as recomendações de tratamento não medicamentoso?
O tratamento da dor crônica exige uma abordagem multidimensional que abrange medidas medicamentosas e não medicamentosas. O Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Dor Crônica (PCDT), publicado recentemente pelo Ministério da Saúde, aborda todas as estratégias de manejo dessa condição. Segundo o documento, o plano de tratamento deve ser estabelecido em conjunto entre profissionais de saúde e paciente, considerando as suas expectativas, com metas realistas e reconhecendo que, em alguns casos, a eliminação completa da dor pode não ser possível. Em geral, considera-se como objetivo principal reduzir a dor a níveis administráveis, promovendo a autonomia e funcionalidade do paciente.
Fundamentais para o tratamento da dor crônica, as intervenções não medicamentosas recebem destaque no protocolo, visando inclusive oferecer ao paciente uma capacidade de controle sobre sua condição, incentivando a responsabilidade e a participação ativa em seu tratamento. O tratamento não medicamentoso deve ser multimodal, ou seja, deve integrar diversas estratégias de intervenções em vez de depender exclusivamente de uma única. Entre as estratégias trazidas pelo PCDT, encontram-se as listadas a seguir.
Programas Educativos
Programas educativos são essenciais para fornecer aos pacientes as informações e o suporte de que precisam para entender e gerenciar sua dor crônica. Essas intervenções, que podem ser realizadas individualmente ou em grupo, apoiam os pacientes com o conhecimento para que se tornem participantes ativos em seu tratamento e para o autogerenciamento a longo prazo. Os programas educativos devem focar no esclarecimento e na tranquilização dos pacientes, empoderando-os para o autocuidado, promovendo um diálogo para personalizar o tratamento e oferecendo informações abrangentes sobre a dor, sua fisiologia e estratégias de controle.
Atividade Física
Estratégias de atividade física podem levar à redução da dor e à melhora da qualidade de vida. Recomenda-se que adultos e idosos sem limitações funcionais se engajem em pelo menos 150 minutos de atividade física de intensidade moderada ou 75 minutos de atividade física de intensidade vigorosa por semana. Essas atividades devem incluir exercícios de fortalecimento muscular e ósseo duas vezes por semana. Para idosos, exercícios de equilíbrio também são recomendados para minimizar o risco de quedas. Crianças e adolescentes devem se esforçar para realizarem pelo menos 60 minutos de atividade física de moderada a vigorosa diariamente.
Indivíduos diagnosticados com osteoartrite de joelho devem ser encaminhados para fisioterapia como parte de seu plano de tratamento conservador. Dependendo da disponibilidade, a fisioterapia aquática (hidroterapia) pode ser considerada para pacientes com osteoartrite de joelho ou quadril.
Exercícios aeróbicos são recomendados para melhorar a funcionalidade, resistência e controle da neuropatia em pacientes com dor crônica persistente de intensidade moderada a grave, particularmente aqueles com dor nas costas, dor miofascial, fibromialgia ou osteoartrite dos membros inferiores.
Deve-se incentivar os pacientes com dor crônica a permanecerem ativos, evitando o repouso absoluto, a menos que seja estritamente necessário. As orientações devem enfatizar a importância de manter as atividades habituais e integrar atividades físicas regulares para sustentar os benefícios dos protocolos de tratamento.
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Agulhamento Seco e Compressão Isquêmica de Pontos-gatilho
O agulhamento seco, uma técnica que envolve a inserção de agulhas finas em músculos, demonstrou eficácia na redução da dor lombar crônica e dores musculoesqueléticas. A compressão isquêmica, que aplica pressão sustentada nos pontos-gatilho, oferece alívio da dor ao reduzir a tensão muscular.
Recursos Físicos
Enquanto modalidades como termoterapia, ondas de choque, ultrassom terapêutico, e laser de baixa potência tem sido usadas para o alívio da dor, as evidências que sustentam seu uso no tratamento da dor crônica são limitadas. A laserterapia de baixa potência demonstrou alguns benefícios na redução da dor e na melhoria da qualidade de vida, mas não é recomendada devido à incerteza sobre sua eficácia a longo prazo.
Terapia Manual
A terapia manual envolve uma variedade de técnicas práticas para melhorar a flexibilidade dos tecidos moles, amplitude de movimento e função. Embora as evidências que sustentam seu benefício na dor crônica sejam limitadas, ela pode ser considerada como parte de uma abordagem multimodal.
Acupuntura
A acupuntura, que envolve a inserção de agulhas finas em pontos específicos do corpo, demonstrou eficácia na redução da dor e na melhoria da qualidade de vida em pacientes com dor crônica, com efeitos duradouros por até um ano em condições como cefaleia, osteoartrite e dor musculoesquelética. É considerada uma opção viável para o tratamento da dor crônica.
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A TCC se concentra em ajudar os pacientes a identificarem e modificar pensamentos, crenças e comportamentos negativos que contribuem para sua dor. Demonstrou eficácia na redução da dor, melhoria da funcionalidade e facilitação do retorno ao trabalho.
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