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Nutrologia13 maio 2017

Dieta sem glúten, risco cardiovascular e uma extrapolação

Supondo-se que uma alimentação com glúten fosse pró-inflamatória, poderíamos esperar maior risco de obesidade, síndrome metabólica e risco cardiovascular?

Por Haroldo Falcão

Supondo-se que uma alimentação com glúten fosse pró-inflamatória, poderíamos esperar maior risco de obesidade, síndrome metabólica, sintomas neuropsiquiátricos e risco cardiovascular?

Dúvidas como essa, ou mesmo simples modismo, engajam adeptos (não portadores de doença celíaca ou intolerância não celíaca ao glúten) de uma vida mais saudável à adoção voluntária de abstinência.

Um estudo tipo coorte prospectiva, conduzido com mais de 100K profissionais de saúde, foi publicado no BMJ em maio a fim de investigar a questão. O consumo de glúten estimado a partir de recordatório alimentar foi estudado e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio, fatal ou não, foi medida. O período de coorte foi de 1986 a 2010.

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A partir dos resultados os autores observaram que o consumo de alimentos contendo glúten não se associou a maior incidência de eventos coronarianos. Em outras palavras: corrigidas as variáveis, dietas restritas em glúten não conferiram proteção cardiovascular aos seus adeptos.

Ainda que muitos evitem o glúten por alguma resposta sintomática a esta proteína alimentar, essa atitude não se acompanha de efeito protetor cardiovascular; pelo contrário: a restrição do glúten cria a vulnerabilidade de uma maior ingestão de grãos integrais, que sabidamente estão associados a benefícios cardiovasculares.

Além de interessante per se, a investigação nos faz refletir sobre as consequências em longo prazo de modismos como este. Ao lado da intolerância ao glúten, outra vedete do momento é a intolerância à lactose, que arrebata milhões de adeptos, mesmo sem a condição. Sabemos que leite e derivados constituem uma importante fonte não apenas de proteínas, mas também de cálcio.

Mais do autor: ‘Obesidade, hipertensão e diabetes avançaram na última década’

Em um mundo com mais idosos, a prevalência de sarcopenia e osteoporose poderá sofrer aumento expressivo, dada a abstinência voluntária a este grupo de alimentos de alta relevância para a alimentação. Cabe ao profissional municiar-se de conhecimento e evidências para combater as ondas de modismos que de tempos em tempo ganham espaços na mídia.

Referência:

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