Suporte nutricional reduz risco de mortalidade em pacientes internados?
Um estudo recente avaliou se o suporte nutricional individualizado reduziria o risco de resultados negativos em pacientes internados em risco nutricional. Confira os resultados:
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As diretrizes básicas recomendam o uso de suporte nutricional durante as internações hospitalares para pacientes internados em risco de desnutrição, mas a evidência de apoio para esta recomendação é insuficiente, e há uma preocupação crescente com os possíveis efeitos negativos durante a fase aguda da doença, fase de recuperação e resultados clínicos. Recentemente, foi publicado um estudo no The Lancet com objetivo de testar hipótese se o suporte nutricional individualizado orientado por protocolo para atingir metas proteicas e calóricas reduziria o risco de resultados negativos em pacientes internados em risco nutricional.
Suporte nutricional na redução do risco de desnutrição
O EFFORT é um estudo pragmático, iniciado por investigador, multicêntrico, ensaio clínico randomizado, que foi realizado em oito hospitais suíços, com complexidade de atendimentos em níveis secundário e terciário; sendo usado instrumento de rastreio validado para desnutrição, onde incluía avaliação do estado nutricional do paciente, gravidade da doença e associação com risco aumentado para desfechos adversos, cada risco preditor é pontuado de 0 a 3, e o paciente recebia pontuação extra se maior que 70 anos.
De acordo com a idade foram incluídos pacientes com no mínimo 18 anos, com risco nutricional maior que 3, com expectativa de permanência no hospital por mais de quatro dias e que estivesse disposto a fornecer informações de consentimento dentro de 48 horas da internação hospitalar. Já nos critérios de exclusão estavam os pacientes internados previamente em unidades de tratamento intensivo ou cirúrgica, incapacidade de ingestão de dieta via oral, em condição terminal, ou admissão por anorexia nervosa, pancreatite aguda, insuficiência hepática aguda, fibrose cística, ou transplante de células troncos, após cirurgia gástrica de by-pass, com contraindicações para suporte nutricional.
Resultados
5015 pacientes foram selecionados e destes 2088 foram recrutados e monitorados entre 1 de abril de 2014 e 28 de fevereiro de 2018. Destes 2088 1050 foram direcionados para o grupo de intervenção e 1038 para o grupo controle.
Ao final de 30 dias, houve redução de 21% no risco de eventos adversos graves no grupo da intervenção (OR 0,79, IC 95% 0,64-0,97) e de 35% no risco de morte (OR 0,65 IC 95% 0,47-0,91).
A randomização do estudo (EFFORT) foi feita de forma aleatória para receber suporte nutricional individualizado guiado por protocolo para atingir metas proteicas e calóricas (grupo de intervenção) ou alimento hospitalar padrão (grupo controle), onde os participantes e investigadores sabiam da atribuição do grupo, mas com a avaliação dos resultados feita de maneira mascarada.
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No grupo de intervenção, objetivos de apoio nutricional individualizado foram definidos por nutricionistas e o apoio nutricional foi iniciado em até 48 horas da admissão, e os pacientes do grupo controle não receberam consulta dietética.
Conclusão
De acordo com este ensaio clínico randomizado em pacientes internados com risco nutricional o uso de suporte individualizado para dieta demonstra melhora em desfechos clínicos, incluindo a sobrevida, quando comparada com a alimentação hospitalar padrão. Com tais achados há um apoio positivo para a triagem sistemática de pacientes internados na admissão hospitalar para risco nutricional, independente de sua condição médica, seguido de uma avaliação nutricional e introdução de suporte individual.
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Referências:
- Schuetz P, Fehr R, Baechli V, et al. Individualised nutritional support in medical inpatients at nutritional risk: a randomized clinical trial. Published online April 25, 2019, www.thelancet.com
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