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Oftalmologia20 outubro 2024

Abordagens terapêuticas para tratar a a coriorretinopatia serosa central crônica

Laser de micropulso sublimiar versus espironolactona oral na coriorretinopatia serosa central crônica: um ensaio controlado quase randomizado.

A coriorretinopatia serosa central (CSC) é uma doença caracterizada por descolamentos serosos e focais da retina neurossensorial. A CSC pode ser dividia em forma aguda e a crônica. A maioria dos casos de CSC aguda apresenta recuperação visual espontânea em 3 meses do início dos sintomas.   

No entanto, alguns pacientes progridem para forma crônica, na qual, a presença de fluido subretiniano (FSR) de forma persistente, pode levar à atrofia do epitélio pigmentado retiniano (EPR) e lesões das células fotorreceptoras, o que ocasiona perda visual irreversível. Devido à sua capacidade de causar comprometimento visual permanente, em uma população economicamente ativa (homens na faixa etária dos 20 aos 60 anos), a intervenção precoce se faz necessária.  

Várias modalidades de tratamento já foram propostas para o tratamento da CSC crônica. A terapia fotodinâmica (PDT) tem alta eficácia e segurança, mas, infelizmente, devido ao alto custo e à escassez mundial de Verteporfina, se torna um tratamento de difícil acesso. Nesse cenário, intervenções alternativas, são cruciais.   

Gao et. al. propõem estudo prospectivo comparando a eficácia e segurança dos antagonistas dos receptores mineralocorticoides orais (espironolactona) com o laser micropulso subliminar (LMS) amarelo, no tratamento da CSC crônica.  

 

Métodos  

Realizado estudo prospectivo, não mascarado, quasi-randomizado e controlado, pacientes diagnosticados com CSC crônica foram incluídos. Os critérios de exclusão incluíram: qualquer outra doença da retina; pacientes em vigência de tratamento sistêmico com corticosteroides, anti-VEGF ou terapia a laser tradicional e; cirurgia intraocular prévia.   

Os participantes foram divididos em 2 grupos de tratamento: LMS (sistema de laser amarelo de 577 nm – padronizados para todos os pacientes) e espironolactona oral (dose inicial de 20mg, três vezes ao dia, após as refeições). Ambos os grupos receberam o tratamento até resolução completa do FSR.   

O desfecho primário foi a remissão total do FSR na visita de avaliação de 3 meses. Os desfechos secundários incluíram o tempo e o número de tratamentos necessários para resolução completa do FSR, a melhor acuidade visual corrigida (do inglês – best corrected visual acuity, BCVA) análises da estrutura da retina e coroide. Além disso, quaisquer eventos adversos foram observados. 

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Resultado e Discussão  

O grupo LMS teve 37 olhos incluídos e 39 para o grupo espironolactona. Na avaliação final, 8 pacientes (6 no grupo LMS e 2 no grupo espironolactona) não aderiram ao protocolo do estudo e seus dados não foram utilizados para análise. O grupo LMS incluiu 35 homens e 6 mulheres, e o grupo espironolactona incluiu 29 homens e 8 mulheres. As idades médias ± DP dos pacientes no grupo LMS e no grupo espironolactona foram 46,95 ± 9,63 e 47,83 ± 9,04 anos, respectivamente (P = 0,677). Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos em termos de estado sistêmico ou características clínicas iniciais (P > 0,05).   

Na visita de avaliação final, no grupo LMS, 22 dos 37 olhos (59,5%), e no grupo espironolactona, 17 dos 39 olhos (43,6%) tiveram resolução total de FSR (P = 0,362). As taxas de resolução parcial de FSR foram de 81,1% e 76,9% nos grupos LMS e espironolactona, respectivamente. Os tempos de resolução de FSR foram de 1,45 ± 1,01 meses e 1,39 ± 1,24 meses nos grupos LMS e espironolactona, respectivamente (P = 0,855). Além disso, o número de tratamentos de LMS necessários para serem eficazes foi de 1,45 ± 0,51.   

Na visita de avaliação de 1 mês, 27,9% e 29,3% dos olhos nos grupos LMS e espironolactona, respectivamente, apresentaram resolução total de FSR (P = 0,890). Na visita de avaliação de 3 meses (final), FSR ocorreu novamente em 2 olhos no grupo LMS (9,1%) e em 6 olhos no grupo espironolactona (35,3%) (P = 0,059).   

BCVA média em ambos os grupos permaneceu relativamente estável, e não houve diferença estatisticamente significativa entre os 2 grupos. Nenhum paciente no grupo LMS relatou quaisquer efeitos adversos. Entre os participantes que receberam espironolactona oral, 6 pacientes (16%) relataram vários efeitos adversos, que foram bem tolerados e não exigiram tratamento adicional.  

 

Impactos na prática clínica 

Os dados do estudo indicam que a espironolactona oral não foi inferior ao LMS para tratar CSC crônico com relação aos resultados anatômicos da retina, porém o estudo evidencia uma tendência à maior recorrência do FSR em pacientes com tratamento com espironolactona, na visita de avaliação completa, a taxa de recorrência de FSR no grupo espironolactona (35,3%) foi significativamente maior do que no grupo LMS (9,1%).   

Apesar de no estudo de Gao et. al. nenhum dos tratados com espironolactona ter necessitado interromper o tratamento devido a eventos adversos, em outros estudos há descrição de intolerância ao uso e necessidade de interrupção do tratamento. Eventos adversos do sistema endócrino, como feminização das mamas masculinas e disfunção erétil, podem ter algum impacto na qualidade de vida de homens jovens e de meia-idade que têm alta incidência de CSC.

 

Limitações 

– Tamanho da amostra pequeno  

– Tempo de seguimento para confirmação do resultado foi curto, impossibilitando uma comparação de recidivas entre os grupos.

 

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