Piora da qualidade do ar pelas queimadas e as consequências para a saúde ocular
A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que a poluição do ar é um dos principais fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis. No Brasil, as queimadas e incêndios em áreas florestais representam fontes significativas de poluentes que afetam tanto a saúde quanto o meio ambiente. Esses eventos têm impactos diretos e indiretos na qualidade do ar, além de exercer pressão sobre os serviços de saúde.
As principais metrópoles brasileiras compartilham várias características, como poluição do ar inadequadamente controlada, alta densidade populacional e trânsito intenso, todos fatores ambientais que, comprovadamente, agravam sintomas irritativos oculares. Os incêndios florestais pelo país estão contribuindo negativamente para que a qualidade do ar que exceda os níveis de segurança sanitária recomendados OMS.
O material particulado fino (MPF) é uma mistura de partículas sólidas suspensas ou gotículas líquidas de composição variável na atmosfera que se originam de fontes orgânicas ou inorgânicas. O MPF é o poluente atmosférico que representa o maior risco à saúde, globalmente. Os olhos estão em contato direto com o ambiente externo.
Segundo Fang et. al, há uma forte associação entre o aumento da poluição do ar e a piora da saúde ocular. O estudo demonstrou Odd Ratio (OR) entre o efeito da poluição do ar e a presença de doenças oculares de 1,03 (IC 95% 1,01 a 1,05), ou seja, para cada aumento de 1 μg/m³ na concentração de MPF, a chance de desenvolver doenças oculares aumenta em 3%. Esse impacto negativo é cumulativo, sugerindo que a exposição prolongada à poluição do ar tem efeitos duradouros na saúde.
A exposição a poluentes do ar afeta principalmente a superfície ocular, podendo ocasionar ou agravar algumas doenças oculares, como conjuntivite alérgica e olho seco. A síndrome do olho seco é multifatorial e secundária a uma inflamação crônica da superfície ocular. A exacerbação dos seus sintomas tem impacto direto e negativo na qualidade de vida e bem-estar psicológico daqueles que sofrem dela. Os sintomas mais frequentes são: vermelhidão ocular, sensação de corpo estranho, ardência, queimação, prurido e fotofobia.
O que orientar ao paciente para evitar os olhos secos?
- Acompanhar as previsões meteorológicas e a qualidade do ar e recomendar que, em períodos de elevada concentração de poluentes, restrinja as atividades ao ar livre, além de manter portas e janelas fechadas;
- Como piscar ajuda na manutenção da umidade dos olhos e é indispensável para uma boa visão e defesa ocular, oriente ao paciente piscar regularmente enquanto estiver trabalhando, fechando brevemente, mas de forma firme as pálpebras e voltando a abri-las;
- Intensificar a ingestão de líquidos. Beber de 2 a 3 litros de água por dia, garante que os olhos recebam a hidratação necessária;
- Evitar a incidência direta do ar de ventiladores ou aparelhos de ar-condicionado no rosto;
- Indicar a utilização de umidificadores de ar no ambiente ou de um copo com água sobre a mesa. Isso aumentará um pouco a umidade local;
- Prescrever o uso de colírios lubrificantes, já que amenizam os sintomas e mantêm os olhos hidratados e protegidos.
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