ESMO 2024: Tumores gastrointestinais do trato gastrointestinal superior
Durante o congresso da European Society of Medical Oncology, uma sessão foi dedicada a tratar dos tumores do trato gastrointestinal superior. Confira abaixo o que foi abordado.
Estudos apresentados
A sessão do dia 14/09 que aconteceu no Madrid Auditorium às 08h30 abordou neoplasias do trato gastrointestinal superior. A primeira aula foi apresentada pelo dr. Trevor Leong, de Melbourne e foi: A randomized phase III trial of perioperative chemotherapy (periop CT) with or without preoperative chemoradiotherapy (preop CRT) for resectable gastric cancer (AGITG TOPGEAR): Final results from an intergroup trial of AGITG, TROG, EORTC and CCTG.
O estudo considerou como background que a quimioradioterapia pré operatória é mais bem tolerada, aumenta a taxa de ressecção R0 e downstaging e proporciona tempo para avaliação da presença ou não de doença metastática. A hipótese testada foi de que a QRT adicionada ao tratamento perioperatório seria capaz de trazer benefícios em sobrevida global quando comparado à QT isolada.
Foram elegíveis pacientes com adenocarcinoma gástrico ou de JEG ressecável, E IB-IIIC e randomizados para receber quimioterapia com ou sem radioterapia + 5-FU na sequência, seguido de cirurgia e novo curso de quimioterapia.
Esse estudo concluiu que a adição de quimioradioterapia não teve impacto nas taxas de ressecção curativas assim como na sobrevida global dos pacientes.
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IKF-AIO-Moonlight trial
O segundo estudo, apresentado pela Dra. Sylvie Lorenzen, de Munich, foi: Modified FOLFOX plus/minus nivolumab and ipilimumab vs FLOT plus nivolumab in patients with previously untreated advanced or metastatic adenocarcinoma of the stomach or gastroesophageal junction: Final results of the IKF-AIO-Moonlight Trial.
Foram incluídos pacientes com idade maior que 18 anos, ECOG PS 0-1 com doença localmente avançada irressecável ou metastática. Tratamento prévio era permitido desde que há mais de 6 meses da randomização.
O end point primário foi PFS de acordo com RECIST comparando os grupos FmOLFOX/Nivo/Ipi (concomitantes) vs mFOLFOX e PFS em 6 meses comparando FOLFOX/Nivo/Ipi (sequencial) vs FLOT/Nivo.
Como conclusão, esse trabalho mostrou que a adição de Nivo/Ipi a mFOLFOX trouxe aumento de toxicidade sem benefício clínico, enquanto FLOT + Nivo foi mais factível e parece ser mais eficaz. Entretanto, devido ao pequeno número de pacientes e baixa expressão de PD-L1, os autores recomendam que esses resultados sejam considerados com cautela.
Escute o podcast de resumo do congresso ESMO 2024.
KEYNOTE-811
O estudo Final overall survival for the phase III, KEYNOTE-811 study of pembrolizumab plus trastuzumab and chemotherapy for HER2+ advanced, unresectable or metastatic G/GEJ adenocarcinoma foi apresentado pela Dra. Sara Lonardi, de Padova.
Com base nos resultados prévios de KEYNOTE-811, pembrolizumabe associado a quimioterapia e trastuzumabe já havia sido aprovado em pacientes com adenocarcinoma gástrico ou JEG irressecável/metastático HER2 + e PD-L1 CPS≥1. Essa apresentação abrange a análise final de dados de sobrevida global.
A conclusão mostra que a adição de pembrolizumabe ao esquema padrão trouxe ganho de sobrevida global com mediana de 20 meses vs 16,8 meses, mais evidente em pacientes com superexpressão de HER2 e PD-L1 CPS≥1.
DESTINY-Gastric03
Por último, Dra. Yelena Janjigian, de Nova Iorque, apresentou Trastuzumab deruxtecan (T-DXd) monotherapy and combinations in patients (pts) with advanced/metastatic HER2-positive (HER2+) esophageal, gastric or gastroesophageal junction adenocarcinoma (GEJA): DESTINY-Gastric03 (DG-03).
Considerando os dados da primeira parte do estudo, demonstrando segurança e possível efetividade na combinação de T-Dxd com fluoropirimidinas em pacientes com adenocarcinoma gástrico ou JEG HER2 + previamente tratados, nesse momento foram apresentados os resultados que avaliaram T-Dxd em primeira linha isolado ou em combinação com fluoropirimidina e/ou pembrolizumabe.
Conclusão e mensagem prática
Esse estudo concluiu que T-Dxd 6,4mg/Kg demonstrou atividade antitumoral como primeira linha e em associação com fluoropirimidinas porém com elevada toxicidade quando em doses cheias e associado também a pembrolizumabe. Estão em planejamento estudos avaliando essa combinação.
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