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Ginecologia e Obstetrícia28 fevereiro 2024

Saiba mais sobre a citologia cérvico-vaginal em meio líquido

O exame de Papanicolau é também conhecido como colpocitologia oncológica, citologia cérvico-vaginal ou, popularmente "preventivo".
O câncer do colo do útero (CCU) representa, em nosso país, se excluídos os tumores de pele não melanoma, o terceiro tipo de câncer mais incidente nas mulheres. Para cada ano do triênio 2023-2025, estima-se que ocorram cerca de 17.010 novos casos da doença, perfazendo uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos para cada 100 mil mulheres.   Devido à evolução natural da doença, que ocorre de modo lenta e gradual, é possível identificar lesões precursoras, chamadas de neoplasias intraepiteliais cervicais (NICs), durante o exame preventivo de rotina, permitindo assim um diagnóstico e tratamento precoces e, por conseguinte, aumentando significativamente as chances de cura.    Considerando a relevância da detecção precoce, a orientação atual do Ministério da Saúde (BR) é a realização de um exame de preventivo ginecológico a cada 3 anos (após dois exames anuais negativos seguidos), para mulheres que tenham iniciado a vida sexual e que possuam idade entre 25 e 64 anos.   Veja também: Sífilis complicando a gestação e sífilis congênita

HPV e câncer de colo de útero 

A fisiopatogenia do câncer de colo de útero está diretamente ligada à infecção por certos tipos de papilomavírus humano (HPV), em particular os de alto risco oncogênico (ex.: subtipos 16 e 18). Sua prevenção primária pode ser realizada tanto através da vacinação contra o HPV (disponível no SUS para meninas de 09 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, além de alguns outros públicos específicos), quanto pelo uso de proteção durante todo o tipo de relações sexuais e da redução do número de parceiros.    Já a prevenção secundária dessa infecção sexualmente transmissível (IST) é realizada por meio de um exame de rastreio para o diagnóstico precoce da doença com o exame de Papanicolau (em homenagem ao médico e cientista grego Georgios Papanicolau), também conhecido como colpocitologia oncológica, citologia cérvico-vaginal ou, popular e simplesmente, de exame “preventivo”.    

Citologia convencional versus citologia em meio líquido 

A colpocitologia oncológica é tipicamente realizada, pelo método da citologia convencional, através da coleta do raspado e escovado, respectivamente, de células do colo do útero e da endocérvice, com posterior transferência do material para lâminas de vidro, fixação, coloração e análise por microscopia óptica.   No entanto, apesar de toda a sua importância e de ainda ser amplamente utilizada (com sucesso) em exames de rastreamento, a citologia convencional possui algumas limitações técnicas e metodológicas.    Certos interferentes presentes na amostra (ex.: hemácias, leucócitos, muco), problemas de fixação e dessecamento do material, baixa quantidade ou sobreposição de células na lâmina, por exemplo, podem prejudicar a análise adequada do material, elevando a proporção de resultados falso-negativos, de amostras inadequadas e de recoletas.  Nas últimas duas décadas, foi introduzido um método de processamento em base líquida utilizado para o rastreamento do câncer de colo do útero, conhecido como citologia em meio líquido. Essa alternativa à citologia convencional (citologia cérvico-vaginal) representou um considerável avanço, sob diferentes óticas.   Esse novo método, além de diminuir a quantidade de amostras consideradas insatisfatórias e do número de recoletas, aumenta a acurácia e reduz a possibilidade de resultados falso-negativos devido a sua maior sensibilidade, além de padronizar o preparo técnico (ex.: permite a disposição de células em monocamada na lâmina, reduz problemas com fixação e coloração) e otimizar o material coletado.   Ademais, a citologia em meio líquido ainda permite a realização de testes de biologia molecular complementares na mesma amostra utilizada para a citologia cérvico-vaginal. A identificação do HPV por captura híbrida, hibridização in situ e genotipagem, por exemplo, aumenta a acurácia diagnóstica do teste.   Outra possibilidade desse processamento em base líquida é a detecção, através da reação em cadeia da polimerase (PCR) e de suas variantes, de agentes etiológicos responsáveis por outras infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) comuns, como a Chlamydia trachomatis, Neisseria gonorrhoeae, Trichomonas vaginalis, Micoplasma (ex.: Mycoplasma genitalium, Mycoplasma hominis), Ureaplasma (ex.: Ureaplasma urealitycum, Ureaplasma parvum).  Saiba mais: Associação do intervalo entre gestações com desfechos adversos da gravidez

Considerações finais  

As prevenções primárias ou secundárias do câncer do colo de útero são altamente eficazes e, quando esse tipo de afecção é diagnosticada e tratada precocemente, assim como a maioria das neoplasias, apresenta altos índices de cura.   O exame preventivo para o rastreamento do câncer de colo de útero e lesões precursoras realizado regularmente, seja pela citologia convencional (citologia cérvico-vaginal) ou em meio líquido, é uma eficaz política de saúde pública e um importantantíssimo aliado ao enfrentamento desse tipo de neoplasia.   Quando há disponibilidade técnica e financeira, devido a algumas vantagens e diferenciais, deve-se priorizar a citologia em meio líquido para o rastreamento do câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.    
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Referências bibliográficas

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