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Ortopedia26 maio 2025

Ressonância magnética em 120° de flexão: avanço no diagnóstico de lesões meniscais

Estudo propôs abordagem inovadora para aprimorar a precisão diagnóstica da "ramp lesion": a realização da ressonância magnética (RM) com o joelho posicionado a 120° de flexão
Por Rafael Erthal

Um padrão específico de lesão do menisco medial localizada na transição menisco-capsular e frequentemente associada à lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) vem ganhando destaque na literatura.  

Trata-se da lesão do tipo “ramp lesion” a qual é frequentemente subdiagnosticada nos exames de imagem convencionais pré-operatórios, mas pode ser percebida durante a visualização artroscópica seguindo rotinas específicas de avaliação incluindo uma visualização posterior com o joelho em flexão, o que abre um espaço entre a zona de transição menisco capsular e o tendão do semimembranoso.  

Esse padrão de lesão representa um desafio significativo para a prática ortopédica. Quando não identificada e tratada adequadamente, essa lesão pode comprometer a estabilidade articular e prejudicar os resultados após a reconstrução do LCA.​  

Um estudo recente propôs uma abordagem inovadora para aprimorar a precisão diagnóstica da “ramp lesion”: a realização da ressonância magnética (RM) com o joelho posicionado a 120° de flexão. O objetivo foi avaliar se essa técnica aumentaria a detecção da lesão em comparação à RM convencional, realizada com o joelho em extensão.​ 

Métodos 

Na pesquisa, 154 pacientes submetidos à reconstrução do LCA realizaram exames de RM tanto na posição convencional quanto com o joelho em 120° de flexão. A artroscopia foi utilizada como padrão-ouro para confirmar a presença da lesão e sua classificação conforme Thaunat.​ 

Resultados e discussão  

Os resultados foram promissores: a RM em flexão de 120° apresentou sensibilidade de 91,9% e especificidade de 94,6%, superando significativamente os valores da RM convencional, que foram de 69,4% e 77,2%, respectivamente. Além disso, a precisão na classificação das lesões foi maior na RM em flexão, com 49 casos corretamente identificados, contra apenas 11 na RM convencional.​ 

Outro achado relevante foi a diferença observada entre casos agudos e crônicos. Nos pacientes com lesão aguda, a RM em flexão demonstrou acurácia diagnóstica significativamente superior à RM convencional. Nos casos crônicos, essa diferença não foi tão evidente, sugerindo que a técnica é especialmente benéfica na avaliação precoce das “ramp lesions“.​ 

Para os cirurgiões ortopédicos, essa descoberta representa um avanço significativo. Ao incorporar essa nova abordagem na avaliação pré-operatória, é possível planejar intervenções cirúrgicas com maior precisão, reduzindo a probabilidade de falhas terapêuticas. Além disso, a identificação mais acurada das “ramp lesions” permite uma abordagem terapêutica mais personalizada, ajustando a reabilitação conforme a gravidade da lesão.​ 

Mensagem prática 

Embora sejam necessários estudos adicionais para validar essa técnica em diferentes populações e contextos clínicos, os achados atuais são encorajadores. Eles sugerem que uma simples modificação na posição do joelho durante a ressonância magnética pode ser determinante no diagnóstico de uma lesão anteriormente subestimada.​ 

Esse avanço destaca a importância da inovação contínua na ortopedia e da atenção às particularidades das lesões meniscais. Pequenos ajustes técnicos podem resultar em melhorias substanciais na precisão diagnóstica e, consequentemente, na qualidade de vida dos pacientes. Se a RM em 120° de flexão se consolidar como padrão para avaliar a “ramp lesion“, estaremos diante de um marco significativo na medicina esportiva e no tratamento das lesões do joelho. 

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Referências bibliográficas

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