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Ortopedia11 abril 2025

Uso do torniquete na artroplastia total do joelho qual a melhor estratégia

Estudo comparou o uso convencional do torniquete com uma abordagem limitada, analisando o impacto na perda sanguínea, tempo de internação e complicações pós-operatórias
Por Rafael Erthal

A artroplastia total do joelho (ATJ) é um procedimento cada vez mais realizado, especialmente em pacientes com osteoartrite avançada. Um dos aspectos técnicos frequentemente debatidos é o uso do torniquete durante a cirurgia. Um estudo recente, publicado no BMC Musculoskeletal Disorders, comparou o uso convencional do torniquete com uma abordagem limitada, analisando o impacto na perda sanguínea, tempo de internação e complicações pós-operatórias. 

Saiba mais: Há diferença nos resultados das artroplastias de joelho com e sem torniquete?

O estudo e seus resultados 

A pesquisa avaliou 90 pacientes submetidos à ATJ unilateral, divididos em dois grupos: um com uso convencional do torniquete (CON-T) e outro com uso limitado (LIM-T), onde o torniquete era utilizado apenas durante a cimentação da prótese. 

Os achados foram claros: 

  • O grupo LIM-T apresentou menor perda sanguínea total (589,55 mL contra 692,31 mL no grupo CON-T), com diferença estatisticamente significativa. 
  • Os pacientes do grupo LIM-T tiveram um tempo de internação menor (5,6 dias versus 7,2 dias no grupo CON-T). 
  • As complicações de ferida operatória foram menos frequentes no grupo LIM-T, sugerindo um menor impacto da isquemia causada pelo torniquete. 
  • Não houve diferença significativa entre os grupos quanto à necessidade de transfusão sanguínea ou incidência de tromboembolismo venoso. 

O que esses resultados significam na prática? 

Os dados reforçam que o uso prolongado do torniquete pode trazer mais prejuízos do que benefícios. Embora ele ajude a reduzir o sangramento intraoperatório e facilite a cimentação da prótese, seu uso contínuo pode aumentar o risco de dor pós-operatória, complicações de cicatrização e até prolongar o tempo de recuperação. 

A abordagem limitada, por outro lado, parece oferecer um equilíbrio ideal: mantém a superfície óssea seca para cimentação sem os efeitos negativos de uma isquemia prolongada. Isso pode resultar em menor tempo de internação e menos complicações de ferida operatória, sem comprometer os desfechos funcionais. 

Leia também: Qual é o efeito do torniquete na concentração local de cefazolina durante ATJs?

Mensagem prática 

O uso racional do torniquete na ATJ é fundamental para otimizar os resultados cirúrgicos. Com base nas evidências atuais, a utilização limitada do torniquete, restrita ao momento da cimentação, pode ser a estratégia mais segura e eficaz. Como sempre, a decisão deve ser individualizada, levando em conta as características do paciente e a experiência do cirurgião. 

Essa pesquisa reforça a importância de revisarmos constantemente nossas práticas cirúrgicas para garantir os melhores resultados possíveis para nossos pacientes. 

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