A artroplastia total do joelho (ATJ) é um procedimento cada vez mais realizado, especialmente em pacientes com osteoartrite avançada. Um dos aspectos técnicos frequentemente debatidos é o uso do torniquete durante a cirurgia. Um estudo recente, publicado no BMC Musculoskeletal Disorders, comparou o uso convencional do torniquete com uma abordagem limitada, analisando o impacto na perda sanguínea, tempo de internação e complicações pós-operatórias.
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O estudo e seus resultados
A pesquisa avaliou 90 pacientes submetidos à ATJ unilateral, divididos em dois grupos: um com uso convencional do torniquete (CON-T) e outro com uso limitado (LIM-T), onde o torniquete era utilizado apenas durante a cimentação da prótese.
Os achados foram claros:
- O grupo LIM-T apresentou menor perda sanguínea total (589,55 mL contra 692,31 mL no grupo CON-T), com diferença estatisticamente significativa.
- Os pacientes do grupo LIM-T tiveram um tempo de internação menor (5,6 dias versus 7,2 dias no grupo CON-T).
- As complicações de ferida operatória foram menos frequentes no grupo LIM-T, sugerindo um menor impacto da isquemia causada pelo torniquete.
- Não houve diferença significativa entre os grupos quanto à necessidade de transfusão sanguínea ou incidência de tromboembolismo venoso.
O que esses resultados significam na prática?
Os dados reforçam que o uso prolongado do torniquete pode trazer mais prejuízos do que benefícios. Embora ele ajude a reduzir o sangramento intraoperatório e facilite a cimentação da prótese, seu uso contínuo pode aumentar o risco de dor pós-operatória, complicações de cicatrização e até prolongar o tempo de recuperação.
A abordagem limitada, por outro lado, parece oferecer um equilíbrio ideal: mantém a superfície óssea seca para cimentação sem os efeitos negativos de uma isquemia prolongada. Isso pode resultar em menor tempo de internação e menos complicações de ferida operatória, sem comprometer os desfechos funcionais.
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Mensagem prática
O uso racional do torniquete na ATJ é fundamental para otimizar os resultados cirúrgicos. Com base nas evidências atuais, a utilização limitada do torniquete, restrita ao momento da cimentação, pode ser a estratégia mais segura e eficaz. Como sempre, a decisão deve ser individualizada, levando em conta as características do paciente e a experiência do cirurgião.
Essa pesquisa reforça a importância de revisarmos constantemente nossas práticas cirúrgicas para garantir os melhores resultados possíveis para nossos pacientes.
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