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Pediatria28 setembro 2025

AAP 2025: Atualização em infecções e infestações cutâneas na pediatria

A apresentação da Dra. Kimberly Horii percorreu as principais dermatoses infecciosas e parasitárias da infância.
Por Jôbert Neves

As infecções e infestações cutâneas são causas frequentes de consultas pediátricas, muitas vezes confundidas com outras dermatoses e negligenciadas em sua abordagem terapêutica. A aula da Dra. Kimberly Horii no AAP 2025 trouxe uma atualização essencial sobre diagnóstico e tratamento de condições como impetigo, herpes simples, tinea capitis, escabiose e pediculose, com foco em aplicabilidade clínica e recomendações atualizadas da AAP. 

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Discussão

A apresentação percorreu as principais dermatoses infecciosas e parasitárias da infância, começando pelo impetigo, a infecção bacteriana mais comum da pele em crianças. A forma não bolhosa, predominante, se manifesta com crostas melicéricas e requer antibióticos tópicos como mupirocina ou retapamulina, enquanto a forma bolhosa pode demandar antibióticos sistêmicos, especialmente em casos com suspeita de MRSA. 

estreptococo perianal/perineal foi destacado como uma condição subdiagnosticada, com sintomas como prurido, dor retal e fissuras, respondendo bem a penicilina ou amoxicilina. A recorrência é comum e pode envolver irmãos assintomáticos. 

herpes simples foi abordado com ênfase em sua apresentação típica de vesículas agrupadas dolorosas, recorrência associada a estresse ou febre, e necessidade de tratamento sistêmico em casos mais graves. A AAP recomenda aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir conforme idade e gravidade. 

tinea capitis, infecção fúngica do couro cabeludo, exige tratamento oral, griseofulvina continua sendo o padrão ouro, com doses ajustadas conforme a resistência fúngica. Terbinafina é eficaz para Trichophyton, mas não para Microsporum. Os shampoos antifúngicos são adjuvantes úteis, e o diagnóstico pode ser confirmado por cultura fúngica. 

escabiose foi revisada com destaque para o uso de permetrina 5% como primeira linha, além de opções como ivermectina oral em casos refratários. A importância de tratar contatos e realizar desinfecção ambiental foi reforçada. 

Por fim, a aula trouxe uma atualização baseada no Relatório Clínico da AAP de 2022 sobre pediculose. Permetrina 1% e piretrina com butóxido de piperonila continuam como primeira linha e ivermectina oral é reservada para casos resistentes e crianças com mais de 15 kg. 

Na prática diária, é fundamental que o pediatra

  • Observe padrões clínicos clássicos, como crostas melicéricas no impetigo ou vesículas agrupadas no herpes.
  • Solicite culturas bacterianas ou fúngicas quando houver dúvida diagnóstica ou falha terapêutica.
  • Escolha o tratamento com base na extensão da lesão, idade da criança e risco de resistência, evitando o uso indiscriminado de antibióticos.
  • Eduque os cuidadores sobre medidas de higiene, como evitar compartilhamento de objetos pessoais e realizar desinfecção ambiental em casos de escabiose e pediculose. 
  • Esteja atualizado com as recomendações das sociedades médicas internacionais e/ou locais, especialmente em relação a dosagens off-label e novas opções terapêuticas.

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Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

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