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Pediatria27 setembro 2025

AAP 2025: Cinco coisas que todo pediatra deve saber sobre IA generativa 

Na pediatria, a tecnologia está começando a moldar desde a forma como documenta consultas até na forma de comunicação com pacientes.
Por Jôbert Neves

A inteligência artificial generativa (GenAI) deixou de ser uma promessa futurista e passou a integrar, de forma concreta, o cotidiano da prática médica. Na pediatria, essa tecnologia está começando a moldar desde a forma como documentamos consultas até como nos comunicamos com pacientes e famílias. Durante o Congresso da Academia Americana de Pediatria (AAP 2025), em Denver/EUA, o Dr. Brandon Hunter apresentou uma aula instigante e prática sobre os cinco principais aspectos que todo pediatra deve conhecer sobre GenAI., veja:  

  • Compreensão dos modelos de linguagem (LLMs)
    Pediatras devem entender como funcionam os modelos de IA generativa, como ChatGPT e Gemini. Esses sistemas operam com base em padrões estatísticos, não em raciocínio clínico real, e podem apresentar variações de desempenho ao longo do tempo, além de limitações como alucinações, viés e comportamento imprevisível.
  • Aplicações clínicas relevantes
    A IA já está sendo usada em ferramentas que documentam consultas automaticamente, na redação de mensagens para pacientes, em ferramentas de apoio à decisão clínica baseadas em evidências (como OpenEvidence), e até na comunicação com adolescentes em contextos sensíveis.
  • Limitações e riscos éticos
    A IA pode gerar respostas incorretas ou perigosas, reproduzir vieses sociodemográficas e induzir à atrofia do pensamento crítico. É essencial que o pediatra revise e supervisione qualquer conteúdo gerado por IA antes de utilizá-lo clinicamente.
  • Regulação e transparência
    A FDA já aprovou dispositivos médicos com IA, mas ainda há desafios regulatórios, especialmente com algoritmos adaptativos. O uso da IA deve ser transparente, com consentimento informado dos pacientes quando ela for utilizada em documentação ou comunicação.
  • Uso acadêmico e profissional
    A IA pode auxiliar na redação de manuscritos, propostas de financiamento e revisão por pares. No entanto, seu uso deve ser criterioso, com divulgação clara de sua participação na produção científica 

AAP 2025

Conclusão

A inteligência artificial generativa está se tornando uma ferramenta clínica e administrativa relevante na pediatria. Seu uso pode trazer benefícios reais, como redução da carga de trabalho, maior empatia nas comunicações e suporte à tomada de decisão. No entanto, esses benefícios só se concretizam quando a tecnologia é usada com consciência, supervisão e ética. O pediatra não precisa dominar os aspectos técnicos da IA, mas deve entender suas limitações, saber identificar riscos e manter o cuidado centrado no paciente. 

A GenAI não substitui o julgamento clínico, mas o complementa. E como toda ferramenta poderosa, exige preparo e responsabilidade. O momento de aprender sobre ela é agora, antes que seu uso se torne padrão e automático. 

Mensagem prática 

Se você atua na linha de frente da pediatria, vale a pena começar a explorar a GenAI de forma prática e segura. Experimente ferramentas de escrita de prontuários vem ambientes controlados, teste assistentes de mensagens com revisão cuidadosa e conheça plataformas clínicas baseadas em evidências. Use a IA como apoio, não como substituto. A GenAI pode ser uma aliada poderosa para melhorar a qualidade do cuidado, aliviar a sobrecarga profissional e ampliar a empatia nas relações médico-paciente. Mas, como toda inovação, ela exige que estejamos preparados para usá-la com sabedoria. 

Confira os destaques do Congresso da American Academy of Pediatrics

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

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