Durante o AAP 2025, a Dra. Nadia Sam-Agudu trouxe à tona um tema que, embora não esteja no radar cotidiano da maioria dos pediatras, merece atenção urgente: o Mpox (antigo monkeypox) em crianças. Ela destacou não apenas os aspectos clínicos e epidemiológicos da doença, mas também os desafios e oportunidades para prevenção, diagnóstico e tratamento pediátrico. Em tempos de globalização e surtos emergentes, entender o Mpox é essencial para uma prática pediátrica atualizada e segura.
O Mpox é uma doença zoonótica causada pelo vírus MPXV, pertencente ao gênero Orthopoxvirus, o mesmo da varíola. Embora o surto global de 2022 tenha afetado majoritariamente adultos, em países africanos endêmicos, crianças representam até 63% dos casos, com alta mortalidade associada a coinfecções, desnutrição e acesso limitado a cuidados.
A doença se manifesta com febre, linfadenopatia e lesões cutâneas que podem ser confundidas com varicela ou outras dermatoses. Em crianças, complicações como infecções bacterianas secundárias são comuns e podem ser fatais. O diagnóstico é feito por PCR a partir de amostras de lesões cutâneas, e o tratamento é majoritariamente de suporte, controle de dor, febre, hidratação e prevenção de infecções secundárias.
Antivirais como tecovirimat têm sido usados em casos graves, mas os estudos clínicos (PALM007, STOMP, UNITY) mostraram eficácia limitada na resolução das lesões. Vacinas como MVA-BN e LC16m8 são opções para profilaxia pré e pós-exposição, com autorização emergencial para uso pediátrico em alguns países. No entanto, a disponibilidade e logística de aplicação ainda são barreiras importantes.
Mensagem prática
- Suspeite de Mpox em crianças com lesões vesiculopustulosas, especialmente se houver história de viagem, contato com casos ou imunossupressão;
- Colete as amostras corretamente: swabs de lesões diferentes e envie para PCR.
- Trate com suporte clínico: controle de sintomas, prevenção de infecções secundárias e atenção à nutrição;
- Considere antivirais e vacinas em casos graves ou exposições de alto risco, sempre em consulta com autoridades de saúde locais;
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Autoria

Jôbert Neves
Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).
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