Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria28 setembro 2025

AAP 2025: Novas vacinas, o que o pediatra precisa saber?

A aula começou com uma revisão da resposta imunológica básica à vacinação, destacando o papel essencial dos adjuvantes.
Por Jôbert Neves

A pediatria vive uma era de transformação impulsionada por avanços tecnológicos e imunológicos que prometem redefinir a prevenção de doenças infecciosas. Na conferência da American Academy of Pediatrics (AAP) 2025, realizada em Denver, o Dr. Buddy Creech apresentou uma aula sobre novas vacinas e tecnologias emergentes, com foco especial em adjuvantes e vacinas vivas atenuadas.  

A aula começou com uma revisão da resposta imunológica básica à vacinação, destacando o papel essencial dos adjuvantes, substâncias que potencializam a resposta imune. Embora muitas vezes culpados por eventos adversos, adjuvantes como Alum, emulsões óleo:água e agonistas de TLR são fundamentais para direcionar a resposta imune, seja para um perfil Th1 ou Th2, dependendo da formulação. 

Já as vacinas vivas atenuadas, por sua vez, ganham destaque por sua capacidade de induzir respostas mucosas robustas e por serem percebidas como mais “naturais” pelos pacientes, o que pode reduzir a recusa vacinal.  

Durante a aula ele trouxe uma visão do pipeline de vacinas em desenvolvimento, incluindo novas formulações para pneumococo (PCV21-alt, PCV24, PCV31), CMV, VSR, norovírus e até vírus do Nilo Ocidental. A diversidade de vias de administração, como intranasal, oral, intramuscular, reforça a tendência de personalização da imunização pediátrica. De forma mais ampliada, destacam-se as seguintes, veja:

Pneumococo: expansão de cobertura 

Novas formulações como PCV21-alt, PCV24 e PCV31 estão sendo desenvolvidas para incluir mais sorotipos de Streptococcus pneumoniae, especialmente aqueles que têm emergido após a introdução das vacinas atuais. Isso representa um avanço importante na prevenção de otites, pneumonias e meningites. 

Coqueluche: vacina intranasal viva atenuada 

A vacina BPZE1, administrada por via intranasal, utiliza cepas vivas atenuadas com modificações genéticas que inativam toxinas específicas da bactéria. Essa abordagem visa induzir uma resposta imune mucosal mais eficaz e duradoura, além de potencialmente reduzir a transmissão. 

Vírus respiratórios: VSR e Metapneumovírus 

Vacinas contra o vírus sincicial respiratório (RSV) e o metapneumovírus humano estão em desenvolvimento com foco em proteção precoce, especialmente em lactentes e crianças pequenas, grupos de maior risco para complicações respiratórias graves. 

Citomegalovírus (CMV) 

A vacina contra CMV tem como objetivo prevenir infecções congênitas, que podem causar sequelas neurológicas e auditivas em recém-nascidos. Essa vacina pode ser especialmente relevante para adolescentes e mulheres em idade fértil. 

Conclusão  

Dr. Creech reforça que estamos diante de uma nova geração de vacinas que não apenas ampliam o espectro de proteção, mas também desafiam paradigmas antigos da imunização. Para o pediatra geral, isso significa: 

  • Entender o papel dos adjuvantes e como eles influenciam a resposta imune pode ajudar na explicação para os pais sobre segurança e eficácia vacinal; 
  • Valorizar vacinas vivas atenuadas como ferramentas poderosas para induzir imunidade local e sistêmica; 
  • Acompanhar o pipeline de vacinas é essencial para estar preparado para incorporar novas opções ao calendário vacinal assim que forem aprovadas. 

Mensagem prática

imunização pediátrica está se tornando mais sofisticada, mas também mais personalizada. O pediatra geral deve se manter atualizado sobre os avanços em adjuvantes e vacinas vivas atenuadas, pois essas tecnologias não apenas oferecem maior proteção, mas também podem melhorar a aceitação vacinal entre famílias. Em um cenário de hesitação vacinal crescente, conhecimento técnico aliado à comunicação empática será a chave para garantir uma cobertura vacinal eficaz e segura. 

AAP 2025: Confira os destaques do Congresso da American Academy of Pediatrics

Autoria

Foto de Jôbert Neves

Jôbert Neves

Médico do Departamento de Pediatria e Puericultura da Irmandade da Santa Casa  de Misericórdia de São Paulo (ISCMSP), Pediatria e Gastroenterologia Pediátrica pela ISCMSP, Título de Especialista em Gastroenterologia Pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).  Médico formado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Coordenador Young LASPGHAN do grupo de trabalho de probióticos e microbiota da Sociedade Latino-Americana de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (LASPGHAN).

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Pediatria