Logotipo Afya
Anúncio
Terapia Intensiva21 novembro 2024

CBMI 2024 - Delirium em UTIP

No Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva 2024 foi abordado o delirium em crianças na unidade de terapia intensiva pediátrica
Por Gabriela Costa

Cada vez mais o delirium em crianças tem sido valorizado nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) brasileiras e o Congresso  Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI) 2024 contou com importantes palestras sobre o tema. Destaco aqui a palestra “Biomarcadores pró-inflamatórios elevados em pacientes com delirium agudo na Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica”.

O Dr. Emmerson Carlos (Belém/PA) apresentou os primeiros dados de um estudo realizado por ele e sua equipe, que levantou a hipótese de que o delirium pós-anestésico resulta de um estado hiper inflamatório e oxidante, associado à lesão neuronal. Os pesquisadores analisaram os biomarcadores inflamatórios, oxidativos e de lesão neuronal para avaliar a correlação com a mortalidade de curto e de longo prazo, juntamente com a precisão diagnóstica dos níveis séricos da proteína S100B e neurofilamento de cadeia leve (NfL) em pacientes da UTIP.

O estudo conduzido pelo Dr. Emmerson e sua equipe foi observacional, prospectivo e unicêntrico, no período de junho de 2022 a dezembro de 2023. Foram incluídos pacientes pediátricos que necessitaram de ventilação mecânica invasiva (VMI) por um período superior a 24 horas. Foram excluídos pacientes com condições neuropsiquiátricas preexistentes.

Amostras de sangue foram coletadas em D1 e D5 para biomarcadores séricos. A avaliação do nível de consciência e de delirium foram efetuadas duas vezes ao dia, no dia 1 (D1) e no dia 5 (D5), usando as escalas Richmond Agitation Sedation Scale (RASS) e Cornell Assessment of Pediatric Delirium (CAP-D). Os pacientes foram classificados em três grupos:

G1 (sem delirium: RASS > -3 / CAP-D < 9);
G2 (com delirium: RASS > -3 / CAP-D 9);
G3 (coma: RASS < -3).
Um total de 45 crianças foram incluídas:
G1: 14 (31,1%);
G2: 20 (44,4%);
G3: 11 (24,4%).

A idade média dos pacientes foi de 21 meses, 57,8% eram do sexo feminino, 71,1% tinham comorbidades e
64,5% tinham pneumonia. O delirium hiperativo ocorreu em 40% dos casos. A mortalidade relacionada ao delirium
foi de 18%.

Veja também: CBMI 2024: Tempo de enchimento capilar e microcirculação em crianças com sepse

CBMI 2024

Principais resultados

  • Os níveis de interleucina (IL) 6 e fator de necrose tumoral (TNF) foram significativamente maiores em G2 em comparação a G1 e G3 no dia 5 (p<0,001);
  • Os níveis de TEAC foram menores em G2 vs. G3 no dia 1 (p=0,028), e os níveis de S100B foram consistentemente maiores em G2 vs. G1 em ambos os dias (p<0,001);
  • IL-4 e S100B foram elevados em não sobreviventes de 30 dias (p<0,009);
  • IL-17A e S100B foram elevados em pacientes que morreram após 30 dias (p<0,022);
  • S100B mostrou uma área sob a curva ROC (AUC) de 0,774 (intervalo de confiança de 95% [IC 95%] 0,592–0,895) para prever delirium em um ponto de corte de 0,752 ng/mL;
  • O NfL foi aumentado em G2 comparado a G1 e G3 no ponto de verificação D1 e D5;
  • Os níveis de NfL também aumentaram no ponto de verificação D5 na mortalidade de longo prazo (acima de 30 dias)
  • Os resultados do estudo do Dr. Emmerson e colaboradores sugerem um papel potencial da via pró-inflamatória na patogênese do delirium em crianças graves em UTIP. Além disso, os níveis de NfL surgem como um provável biomarcador no prognóstico da mortalidade de longo prazo.
Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo