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Pediatria19 maio 2025

ESPGHAN 2025: Abordagem das reações paradoxais aos biológicos na DII

Especialista apresentou abordagem em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal, com foco em eventos associados aos agentes anti-TNF.
Por Jôbert Neves

Durante o Congresso Europeu de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN 2025), o Dr. Amit, de Jerusalém, apresentou uma abordagem prática sobre reações paradoxais em pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII), focando principalmente nos eventos associados aos agentes anti-TNF.

congresso espghan 2025

O que são reações paradoxais?

Reações paradoxais são definidas como manifestações inflamatórias novas ou agravadas induzidas por medicamentos geralmente utilizados para tratar essas mesmas condições. Apesar de raras, elas representam um desafio clínico importante. De forma objetiva, elas:

  • Ocorrem quando o fármaco provoca um efeito oposto ao esperado;
  • Exemplo clássico: psoríase induzida por anti-TNF, embora esses medicamentos também sejam usados no tratamento da psoríase;
  • Diagnóstico ideal: desaparecimento da reação após a suspensão do fármaco, e recidiva após reintrodução (raro de se realizar na prática).

Veja também: Panorama da doença inflamatória intestinal pediátrica

Manifestações dermatológicas

  • As reações cutâneas são as mais comuns, veja:
    • Psoríase induzida: placas bem delimitadas, pustuloses, envolvimento de couro cabeludo e regiões flexoras. Pode levar à suspensão do anti-TNF;
    • Eczema induzido: mais frequente, menos grave, geralmente responsivo a corticosteroides tópicos;
    • Alopecia induzida: grave e irreversível em alguns casos; exige interrupção imediata do anti-TNF e troca de classe.
  • Tratamentos variam de corticoides tópicos a metotrexato (uso empírico, sem evidência robusta).

Outras reações paradoxais: Saiba identificar!

  • Artrite induzida por anti-TNF: especialmente paradoxal, já que o medicamento trata essa condição. Pode surgir semanas após início do tratamento. Uso de metotrexato ou sulfassalazina pode ser eficaz.
  • Hepatotoxicidade: comum, porém geralmente leve. Casos mais graves (autoimune) com necessidade de suspensão ou troca dentro da classe (ex: infliximabe para adalimumabe).
  • Manifestações raras: lúpus induzido por fármaco, sarcoidose, neurite óptica, vasculites, esclerose múltipla-like, entre outras. Nesses casos, geralmente requer a suspensão definitiva do anti-TNF e mudança de classe.

Conclusão

As reações paradoxais aos anti-TNFs, embora raras, devem ser reconhecidas e abordadas de forma individualizada. A maioria dos eventos é cutânea e responde a terapias tópicas, mas manifestações graves como alopecia, hepatite autoimune e fenótipos reumatológicos podem exigir mudanças mais drásticas na abordagem terapêutica. A decisão de manter, ajustar ou descontinuar o tratamento deve ser baseada na gravidade da reação e na resposta à terapêutica adjuvante.

Mensagens práticas

  • Reações cutâneas são as mais frequentes; a maioria responde bem a corticoides tópicos.
  • Alopecia e lupus cutâneo exigem suspensão imediata do anti-TNF e troca de classe.
  • A presença de psoríase em áreas flexoras e couro cabeludo sugere reação paradoxal e não psoríase primária.
  • Artrite e artralgia podem responder a metotrexato ou sulfassalazina, evitando a suspensão do biológico.
  • Lesão hepática leve pode ser monitorada, mas em casos autoimunes, considerar troca de anti-TNF.
  • A biópsia cutânea é útil quando o diagnóstico dermatológico não é claro ou refratário ao tratamento tópico.

Confira os principais destaques do ESPGHAN 2025!

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