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Pediatria15 julho 2025

Estudo avaliou a viabilidade da otoscopia na graduação em medicina

Estudo avaliou a viabilidade e a eficácia do emprego de PPP em OSCEs nas habilidades de otoscopia de estudantes de graduação do último ano de medicina

A otoscopia é um teste fundamental no exame físico pediátrico, devido à sua relevância tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de doenças do ouvido, como a otite média, por exemplo. No entanto, os métodos tradicionais de treinamento dependem, com frequência, de pacientes adultos padronizados ou modelos simulados, que podem não ser adequados para a pediatria. O uso de pacientes pediátricos padronizados (PPP) apresenta desafios relacionados à segurança, treinamento e estabelecimento de normas, mas oferece benefícios significativos no aprendizado dos estudantes por melhorar a precisão diagnóstica e a comunicação com as crianças e seus responsáveis.  

Na faculdade de medicina da University of Global Health Equity, em Butaro, Ruanda, o currículo de pediatria e otorrinolaringologia inclui o ensino abrangente de raciocínio clínico, comunicação e otoscopia por meio de uma combinação de modelos de treinamento, exames clínicos supervisionados de pacientes reais e sessões de exames clínicos objetivos estruturados (Objective Structured Clinical Examinations – OSCEs) baseadas em simulação durante as avaliações formais. Sob supervisão, os alunos têm a oportunidade de praticar habilidades essenciais em ambientes simulados e com pacientes reais. Um estudo realizado nesta instituição e publicado na BMC Medical Education avaliou a viabilidade e a eficácia do emprego de PPP em OSCEs nas habilidades de otoscopia de estudantes de graduação do último ano de medicina, com foco nas dimensões técnica, logística e educacional. Ademais, a pesquisa explorou, simultaneamente, as autoavaliações dos alunos e a satisfação dos responsáveis com essa dinâmica.  

Metodologia 

O estudo consistiu em uma análise transversal descritiva durante as provas finais de conclusão do curso de medicina e incluiu 30 estudantes do último ano e seis crianças com idades entre 5 e 8 anos, acompanhadas de seus responsáveis, constituindo os PPP. 

Durante a avaliação, um clínico geral e dois pediatras, sendo dois profissionais fluentes no idioma local, forneceram às crianças e seus responsáveis ​​uma explicação detalhada sobre seus papéis como PPP no OSCE e enfatizaram seu direito de interromper o exame a qualquer momento. Em seguida, os pediatras realizaram a otoscopia de cada criança para garantir sua adequação à função, seguindo a técnica padrão, com a avaliação de um ouvido de cada vez. Elas também aprenderam a se expressar por meio de dramatização caso houvesse algum desconforto. Das seis crianças examinadas, cinco tinham otoscopias normais e foram selecionadas para participar. Uma criança estava com otite média com efusão e, portanto, não foi selecionada, sendo encaminhada à clínica local para avaliação e tratamento. Para os responsáveis, o treinamento incluiu como responder às perguntas dos alunos, refletindo as preocupações típicas dos pais e as respostas emocionais que os estudantes encontrariam em cenários reais. Essas propostas ajudaram a criar uma interação autêntica e emocionalmente envolvente, aproximando o teste da vivência diária de um pediatra.  

Os dados quantitativos foram coletados por meio de questionários estruturados sobre a autoeficácia e o desempenho percebidos pelos alunos. Os dados qualitativos, por sua vez, foram obtidos por meio de discussões em grupos focais com os PPP.  

Resultados 

A média de idade dos universitários foi de 23,7 anos, com idade mínima de 22 e máxima de 25 anos. A maioria era do sexo feminino (63,3%). Na estação de otoscopia, o desempenho médio dos estudantes foi de 81,67%, com correlação positiva significativa entre a autoeficácia percebida e o desempenho real (r = 0,493, p = 0,006). O desempenho médio na estação OSCE foi ligeiramente superior à autoeficácia percebida pelos alunos (72,5 vs. 81,67%, p < 0,001). Os discentes relataram altos níveis de satisfação com os PPP, sendo que 83,3% recomendaram a sua presença em OSCEs de pediatria. As crianças e seus responsáveis também expressaram satisfação geral, embora tenham ficado preocupados em relação aos níveis de confiança e habilidades de comunicação dos acadêmicos.  

Conclusão 

Neste estudo, a incorporação de PPP no OSCE mostrou ser viável, podendo aumentar o realismo e o valor educacional do treinamento da otoscopia em pediatria. Dessa forma, os estudantes são submetidos a experiências mais precisas e relevantes. As crianças e seus responsáveis, em geral, demonstram uma atitude positiva em relação ao seu papel como PPP. Portanto, desde que princípios éticos sejam respeitados e haja um planejamento cauteloso, os PPP podem desempenhar um papel-chave no aprimoramento do ensino pediátrico e, em última análise, na melhoria da qualidade do atendimento prestado a estes pacientes. 

Comentários 

Os OSCE simbolizam um avanço significativo na formação médica, trazendo realismo e possibilitando uma avaliação global de competências clínicas elementares, como comunicação, raciocínio diagnóstico e habilidades técnicas. Considerando a realidade da pediatria, esse tipo de avaliação traz um desafio ainda maior para o aluno devido às diferentes faixas etárias e níveis de desenvolvimento cognitivo dos pacientes, além do aprendizado para se estabelecer uma abordagem empática não somente com a criança, mas também com seus responsáveis.  

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