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Pneumologia22 maio 2025

ATS 2025: Novas descobertas na bronquiectasia

Durante o congresso da American Thoracic Society (ATS 2025), uma das sessões abordou novidades na abordagem das bronquiectasia

Durante o congresso ATS 2025, uma das sessões mais importantes para a área da pneumologia foi a que abordou novidades na abordagem das bronquiectasias.  

As bronquiectasias são dilatações brônquicas irreversíveis, resultantes de um processo inflamatório com múltiplos promotores: disfunção mucociliar, inflamação crônica desregulada, lesão estrutural persistente e progressiva, e infecção crônica. A interação desses promotores forma o “vórtex inflamatório” e aponta para possíveis alvos terapêuticos nesse grupo heterogêneo de pacientes. 

Na ATS 2025 foram discutidas as novas estratégias de manejo das bronquiectasias. Na primeira palestra, Ashwin Basavaraj apresentou um panorama atual, cuja principal mudança é a interpretação de que as bronquiectasias envolvem um processo inflamatório que precisa ser identificado e tratado. Em seguida, o professor James Chalmers abordou a relação entre a tempestade inflamatória e a exacerbação, com foco na disfunção neutrofílica. 

Brensocatibe: Resultados Promissores na Prevenção de Exacerbações 

Em 2023, já haviam sido divulgados os resultados do estudo de fase 2 do brensocatibe, e este ano, o professor Chalmers apresentou os resultados da fase 3, o estudo ASPEN. Este foi um estudo multicêntrico, duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, que comparou doses de 25mg e 10mg de brensocatibe com placebo na prevenção de exacerbações em pacientes com bronquiectasias. Os pacientes no grupo de intervenção tiveram menos exacerbações e um tempo maior até a primeira exacerbação. A taxa de eventos adversos foi semelhante à do grupo controle. Dessa forma, o brensocatibe, um inibidor de DPP-1, surge como uma nova possibilidade terapêutica para pacientes com bronquiectasias. Permanecem algumas dúvidas sobre sua aplicação na prática, como se será uma terapia adjuvante ou de primeira linha. 

Inflamação Eosinofílica e o Microbioma na Bronquiectasia 

Em seguida, a professora Pamela McShane apresentou dados sobre a inflamação eosinofílica na bronquiectasia, independentemente da associação com asma e aspergilose broncopulmonar alérgica. Alguns estudos populacionais apontam uma prevalência que varia de 15% a 20% dos pacientes. Curiosamente, a mortalidade nesse perfil de paciente foi menor do que a de pacientes sem inflamação eosinofílica. Além disso, não houve relação com o perfil microbiológico, já que pacientes com infecção crônica por Pseudomonas também apresentaram eosinofilia. Nesse contexto, surgem estudos com imunobiológicos para bronquiectasia eosinofílica, como o itepaquimabe. 

No estudo de microbioma, o professor Leopoldo Segal demonstrou a interação do microbioma na resposta inflamatória persistente, incluindo a influência de bactérias conhecidas como comensais da orofaringe. Assim, emerge o conceito de disbiose na flora respiratória. 

Futuro do Manejo da Bronquiectasia: Uma Abordagem Multimodal 

Na última palestra, a professora Emily Henkel apresentou o futuro do manejo da bronquiectasia, evoluindo de uma abordagem centrada apenas na infecção para a combinação de múltiplos tratamentos. Desde medicações que atuam na inflamação, como ensifentrina e itepaquimabe, até novos tratamentos para infecção, como aztreonam inalado e anticorpos monoclonais anti-Pseudomonas, a verdade é que o cenário do tratamento da bronquiectasia é promissor e instiga entusiasmo naqueles que trabalham e convivem com esses pacientes frequentemente estigmatizados. 

Mensagens finais 

 * Brensocatibe (Fase 3 – ASPEN): Reduziu exacerbações e aumentou o tempo até a primeira exacerbação em pacientes com bronquiectasias; perfil de segurança semelhante ao placebo. 

 * Inflamação Eosinofílica: Prevalente em 15-20% dos pacientes, associada a menor mortalidade; imunobiológicos como itepaquimabe estão sendo estudados. 

 * Microbioma: Interage com a inflamação, levando ao conceito de disbiose respiratória. 

 * Futuro do tratamento: Abordagem multimodal combinando anti-inflamatórios (ensifentrina, itepaquimabe) e novos tratamentos para infecções (aztreonam inalado, anti-Pseudomonas). 

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