A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma importante causa de visita aos consultórios de pediatria geral e gastroenterologia pediátrica, sendo fundamental o pediatra estar atualizado para manejar esse paciente com precisão. Durante o encontro da Academia Americana de Pediatria (AAP 2024), a gastroenterologista pediátrica, Dra. Phyllis Bishop, apresentou tópicos importantes que todo o pediatra geral deve saber quando estiver diante de um paciente com DRGE, veja:
Pontos principais para pediatra gerais:
- Compreender a história natural: O refluxo gastroesofágico (RGE) é comum em bebês e tipicamente se resolve até os 18 meses de idade, raramente começa antes de uma semana de vida ou após 6 meses de idade. É um importante diagnóstico diferencial para DRGE.
- Reconheça os sinais de alerta: Certos sinais devem levar a uma investigação mais aprofundada, incluindo perda de peso, vômito biliar, vômito persistente, constipação, diarreia, febre, disúria, irritabilidade excessiva, hepatoesplenomegalia e falta de resposta à supressão ácida.
- Compreenda as potenciais complicações relacionadas à DRGE: esofagite erosiva, estenose, esôfago de Barrett e adenocarcinoma. Este paciente deve ser referido ao gastroenterologista pediátrico.
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Considerações Práticas: O que utilizar nos atendimentos pediátricos?
- História minuciosa: Obtenha uma história detalhada focando nos hábitos alimentares, padrões de sintomas e quaisquer sinais de alerta potenciais.
- Avaliação de risco: Identifique pacientes com maior risco de DRGE grave com base em fatores como fibrose cística, atresia esofágica, comprometimento neurológico, hérnia hiatal, obesidade e história familiar.
- Tratamento individualizado: Desenvolva um plano de tratamento personalizado que atenda às necessidades específicas de cada paciente. Considere intervenções não farmacológicas e farmacológicas, discutidas mais à frente.
- Faça um monitoramento cuidadoso: Monitore de perto os pacientes em relação à resposta ao tratamento, incluindo a resolução dos sintomas e potenciais efeitos colaterais.
Tratamentos Não Farmacológicos:
- Alimentações espessadas: engrossar o leite materno (nos Estados Unidos, existe espessante para essa finalidade) ou fórmula pode diminuir a frequência e a gravidade dos episódios de refluxo, levando a menos choro e irritabilidade;
- Alimentações menores e mais Frequentes: para bebês, alimentações menores e mais frequentes podem ser mais fáceis de digerir e reduzir o volume de refluxo;
- Posicionamento: Quando acordado, posicionar o bebê em decúbito ventral (de barriga para baixo) pode ajudar com o refluxo, mas deve ocorrer sob supervisão atenta. Ao dormir, o decúbito dorsal (de costas) é recomendado;
- Eliminação da Proteína do Leite de Vaca: em casos de suspeita de alergia à proteína do leite de vaca (APLV), recomenda a troca para fórmula extensamente hidrolisada ou, se necessário, uma fórmula à base de aminoácidos para pacientes em uso de fórmula, ou dieta de exclusão materna da proteína do leite de vaca.
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Tratamentos Farmacológicos:
- Antiácidos e Alginatos: Estes são considerados seguros para bebês e crianças e podem ser usados para alívio a curto prazo dos sintomas de DRGE. São considerados terapia de primeira linha para adolescentes com DRGE.
- Antagonistas do Receptor de Histamina-2 (H2RAs): Embora eficazes, geralmente são considerados terapia de segunda linha, utilizados quando os IBPs não estão disponíveis.
- Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs): Estes são frequentemente a terapia preferida da primeira linha para DRGE, especialmente em casos de esofagite. Os IBPs são geralmente mais eficazes que os H2RAs e são mais fáceis de administrar.
- Considerações Importantes para o Tratamento Farmacológico:
- Precauções para Medicamentos Supressores de Ácido:
- Evitar o uso a longo prazo: O uso a longo prazo de IBPs deve ser evitado sempre que possível, pois os efeitos a longo prazo em bebês e crianças não são totalmente compreendidos.
- Menor Dose Eficaz: Use a menor dose eficaz para minimizar os riscos potenciais.
- Procinéticos: Esses medicamentos geralmente não são usados como terapia de primeira linha para DRGE.
- Precauções para Medicamentos Supressores de Ácido:
Mensagem prática:
- Faça uma abordagem individualizada: O melhor tratamento para a DRGE varia dependendo da idade da criança, sintomas e fatores de risco;
- Tente primeiro os tratamentos não farmacológicos, sempre que possível;
- Preferência por IBPs: Os IBPs são frequentemente preferidos em relação aos H2RAs para o tratamento da DRGE, mas seu uso deve ser cuidadosamente considerado, especialmente para uso a longo prazo.
Confira os destaques do AAP 2024!
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