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Cardiologia17 novembro 2024

AHA 2024: Oclusão do apêndice atrial após FA pode ser opção à anticoagulação?

Confira o que apresentou o estudo OPTION, apresentado no primeiro dia do congresso da American Heart Association.

O tratamento da fibrilação atrial (FA) por meio de ablação por cateter é bastante efetivo. Porém, pelo risco de recorrência da arritmia, recomenda-se manutenção da anticoagulação oral por tempo indeterminado para pacientes com risco moderado ou alto de acidente vascular encefálico (AVE).  

A anticoagulação oral tem diversas limitações, como risco de sangramento, custo, e ansiedade do paciente, o que pode ocasionar sua suspensão. Uma alternativa para prevenção de AVE é o fechamento percutâneo do apêndice atrial esquerdo (AAE). Assim, foi feito um estudo com objetivo de avaliar se a oclusão do AAE poderia levar a redução de sangramento de forma segura comparado a anticoagulação oral, mantendo risco de eventos tromboembólicos baixo. 

Foi o estudo OPTION, apresentado no primeiro dia do congresso da American Heart Association, descrito abaixo.  

 

Métodos do estudo e população envolvida 

Foi estudo multicêntrico, randomizado, patrocinado pela marca de um dispositivo específico utilizado para oclusão percutânea do AAE. Os pacientes que eram encaminhados para ablação por cateter e tinham CHA2DS2-VASc ≥ 2 quando homens ou ≥ 3 quando mulheres eram randomizados para oclusão do AAE (grupo dispositivo) ou para receber anticoagulação. 

A ablação era realizada antes da colocação do dispositivo. Após o procedimento, os pacientes recebiam anticoagulação por 90 dias, seguido de aspirina por 12 meses. O grupo anticoagulação recebia DOAC de acordo com a indicação do médico assistente. 

O desfecho primário de segurança era sangramento maior ou não maior clinicamente relevante não relacionado ao procedimento, no seguimento de 36 meses. O desfecho primário de eficácia era composto por morte por qualquer causa, AVE ou embolia sistêmica em 36 meses. 

Resultados 

Foram incluídos 803 pacientes no grupo dispositivo e 797 no grupo anticoagulação. Os grupos tinham características de base semelhantes, com idade média 69,6 anos e 34,1% do total sendo mulheres. O CHA2DS2-VASc médio era 3,5 e o HAS-BLED 1,2. 

A ablação por cateter foi feita após a randomização em 40,9% dos pacientes. Radiofrequência foi usada em 59,4% e crioablação em 33,2% e o retorno para ritmo sinusal ocorreu em 88,1% dos pacientes. 

No geral, 90,5% recebeu anticoagulação com DOAC, sendo 59,3% apixabana, 27,2% rivaroxabana, 4,3% edoxabana e 3,9% dabigatrana.  

No grupo dispositivo, o procedimento teve sucesso em 98,8%. Complicações ocorreram em 22 pacientes do grupo dispositivo e 1 paciente do grupo anticoagulação (cross-over). 

Em relação aos desfechos, sangramento foi menor no grupo dispositivo, ocorrendo em 65 pacientes no grupo dispositivo e 137 no grupo anticoagulação (HR 0,44; IC95% 0,33-0,59, p < 0,001 para superioridade). Eventos tromboembólicos ocorreram em proporção semelhante, em 41 pacientes no grupo dispositivo e 44 no grupo anticoagulação (HR 0,91; IC95% 0,59-1,39, p < 0,001 para não inferioridade). 

Comentários e conclusão  

Estudos anteriores encontraram resultados semelhantes, porém comparando o dispositivo ao uso do anticoagulante varfarina. Além disso, nesses estudos geralmente os pacientes eram de maior risco, tanto para eventos tromboembólicos quanto sangramento. 

Neste estudo, a realização de ablação por cateter seguida de oclusão do AAE foi associada a menor risco de sangramento não relacionado ao procedimento comparado a anticoagulação oral e foi não inferior em relação a desfechos de morte por qualquer causa, AVE ou embolia sistêmica em 36 meses.  

É o primeiro estudo que mostrou redução de sangramento com manutenção da taxa de eventos embólicos ao comparar a oclusão do AAE e anticoagulação, o que sugere que esta possa ser uma opção para pacientes com FA submetidos a ablação. 

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