A inteligência artificial generativa (GenAI) deixou de ser uma promessa futurista e passou a integrar, de forma concreta, o cotidiano da prática médica. Na pediatria, essa tecnologia está começando a moldar desde a forma como documentamos consultas até como nos comunicamos com pacientes e famílias. Durante o Congresso da Academia Americana de Pediatria (AAP 2025), em Denver/EUA, o Dr. Brandon Hunter apresentou uma aula instigante e prática sobre os cinco principais aspectos que todo pediatra deve conhecer sobre GenAI., veja:
- Compreensão dos modelos de linguagem (LLMs)
Pediatras devem entender como funcionam os modelos de IA generativa, como ChatGPT e Gemini. Esses sistemas operam com base em padrões estatísticos, não em raciocínio clínico real, e podem apresentar variações de desempenho ao longo do tempo, além de limitações como alucinações, viés e comportamento imprevisível.
- Aplicações clínicas relevantes
A IA já está sendo usada em ferramentas que documentam consultas automaticamente, na redação de mensagens para pacientes, em ferramentas de apoio à decisão clínica baseadas em evidências (como OpenEvidence), e até na comunicação com adolescentes em contextos sensíveis.
- Limitações e riscos éticos
A IA pode gerar respostas incorretas ou perigosas, reproduzir vieses sociodemográficas e induzir à atrofia do pensamento crítico. É essencial que o pediatra revise e supervisione qualquer conteúdo gerado por IA antes de utilizá-lo clinicamente.
- Regulação e transparência
A FDA já aprovou dispositivos médicos com IA, mas ainda há desafios regulatórios, especialmente com algoritmos adaptativos. O uso da IA deve ser transparente, com consentimento informado dos pacientes quando ela for utilizada em documentação ou comunicação.
- Uso acadêmico e profissional
A IA pode auxiliar na redação de manuscritos, propostas de financiamento e revisão por pares. No entanto, seu uso deve ser criterioso, com divulgação clara de sua participação na produção científica
Conclusão
A inteligência artificial generativa está se tornando uma ferramenta clínica e administrativa relevante na pediatria. Seu uso pode trazer benefícios reais, como redução da carga de trabalho, maior empatia nas comunicações e suporte à tomada de decisão. No entanto, esses benefícios só se concretizam quando a tecnologia é usada com consciência, supervisão e ética. O pediatra não precisa dominar os aspectos técnicos da IA, mas deve entender suas limitações, saber identificar riscos e manter o cuidado centrado no paciente.
A GenAI não substitui o julgamento clínico, mas o complementa. E como toda ferramenta poderosa, exige preparo e responsabilidade. O momento de aprender sobre ela é agora, antes que seu uso se torne padrão e automático.
Mensagem prática
Se você atua na linha de frente da pediatria, vale a pena começar a explorar a GenAI de forma prática e segura. Experimente ferramentas de escrita de prontuários vem ambientes controlados, teste assistentes de mensagens com revisão cuidadosa e conheça plataformas clínicas baseadas em evidências. Use a IA como apoio, não como substituto. A GenAI pode ser uma aliada poderosa para melhorar a qualidade do cuidado, aliviar a sobrecarga profissional e ampliar a empatia nas relações médico-paciente. Mas, como toda inovação, ela exige que estejamos preparados para usá-la com sabedoria.
Confira os destaques do Congresso da American Academy of Pediatrics
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