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Pediatria14 julho 2025

Autismo em crianças: como afeta a alimentação

Entenda como o transtorno do espectro autista afeta os comportamentos alimentares em crianças e os principais desafios no dia a dia.
Por Jôbert Neves

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) frequentemente apresentam comportamentos alimentares atípicos, como seletividade alimentar, recusa de alimentos e rigidez com as rotinas. Esses comportamentos podem comprometer o crescimento, o estado nutricional e a qualidade de vida.  Neste contexto, um estudo teve como objetivo validar a versão chinesa do Brief Autism Mealtime Behavior Inventory (BAMBI) e descrever os padrões alimentares de crianças com TEA na China. 

Para isso, foram avaliadas 434 crianças (103 com TEA e 331 com desenvolvimento típico), com idades entre 3 e 6 anos. Os pais responderam ao BAMBI e ao Índice de Gravidade Gastrointestinal de Seis Itens (6-GSI). Dentre os resultados encontrados pelos pesquisados e publicados na Frontiers in Pediatrics, destacam-se os seguintes:  

  • Alta prevalência de problemas alimentares: 76,7% das crianças com TEA apresentaram comportamentos alimentares problemáticos, contra menos de 35% no grupo controle. 
  • Comportamentos mais frequentes: 
  • Inflexibilidade com rotinas alimentares (79,6%) 
  • Recusa a experimentar novos alimentos (75,7%) 
  • Preferência restrita por tipos de alimentos (71,8%) 
  • Associação com sintomas gastrointestinais: Crianças com maiores escores no BAMBI também apresentaram mais sintomas gastrointestinais, como constipação e dor abdominal. 
  • Confiabilidade do instrumento: O BAMBI demonstrou boa consistência interna (α = 0.849) e validade estrutural aceitável, sendo adequado para uso clínico e de pesquisa na China. 

Conclusão  

Este estudo representa um avanço importante na avaliação de comportamentos alimentares em crianças com TEA na China. A validação do BAMBI permite uma triagem mais precisa e culturalmente adaptada, essencial para intervenções precoces. A forte associação entre comportamentos alimentares e sintomas gastrointestinais reforça a necessidade de abordagens multidisciplinares, envolvendo pediatras, nutricionistas e terapeutas comportamentais. 

Além disso, os dados sugerem que a seletividade alimentar em crianças com TEA pode estar mais relacionada a padrões comportamentais rígidos do que a sensibilidades sensoriais isoladas. Isso destaca o potencial de intervenções comportamentais, como o método de encadeamento alimentar (food chaining), como estratégias eficazes. 

Por fim, o estudo também aponta para desigualdades no acesso a intervenções precoces na China, o que pode explicar a maior prevalência de comportamentos alimentares problemáticos em comparação com populações de países ocidentais.

Veja também: O potencial dos canabinoides no tratamento do autismo

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Referências bibliográficas

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