Paciente masculino, 34 anos, solteiro, desempregado, encaminhado ao atendimento com a psiquiatria por queixa de “ansiedade”.
O paciente refere nervosismo, tensão e episódios de preocupação persistente com múltiplos fatores, já há alguns anos, mas com piora importante após ter ficado desempregado há cerca de 6 meses.
Tem a sensação de que algo ruim pode lhe acontecer e descreve-se como ansioso há muito tempo. Refere também insônia inicial e intermediária associada a pensamento ruminativo sobre os problemas, mas compensando eventualmente com cochilos ao longo do dia. Queixa-se também de irritabilidade e dificuldade para relaxar.
Na história pregressa, faz menção a um episódio depressivo não tratado quando tinha cerca de 22 anos. Foi iniciado tratamento com um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS), Fluoxetina, encaminhado para a psicoterapia e retorno previsto para um mês.
No retorno, o paciente diz se sentir melhor em alguns aspectos, com aumento da disposição e da energia, mas ainda se sentindo ansioso em outros pontos.
Refere que há cerca de 20 dias (10 dias após o início da medicação) começou a sentir-se como se a sua mente estivesse “acelerada”, se ocupando de vários pensamentos. Também começou alguns projetos, mas não conseguiu concluir nenhum. Afirma estar mais irritado, o que atribui a um nervosismo, e brigando mais com familiares e de forma especial com a namorada, com quem se relaciona há anos. Esta, por sua vez, tem reclamado da dificuldade em conviver com o paciente nos últimos dias, segundo seu relato.
Também admite estar mais impaciente e vem dormindo menos, embora não se sinta cansado e não faça mais cochilos ao longo do dia. Queixa-se de inquietação, saindo para andar e fazer caminhadas nos dias em que não comparece às entrevistas de emprego para gastar sua energia e tentar diminuir o que chama de ansiedade.
Por vezes, anda também dentro de casa, especialmente quando se levanta mais cedo de manhã. O sentimento de que algo ruim pode acontecer diminuiu de frequência e intensidade, mas ainda está presente.
Apresenta pela primeira vez relato de possuir maior dificuldade para se concentrar. Sobre isso, refere que a dificuldade de concentração existe desde sua adolescência (quando tinha entre 14 e 15 anos), embora conseguisse passar de ano por nota, fazer cursos e ter e manter um emprego por maior tempo. Admite que há períodos de piora (sobretudo em momentos de “estresse”), como naquele momento.
Questiona sobre a possibilidade de ter TDAH e acredita que se tomar uma medicação para a memória, isso pode ajudá-lo a conseguir um novo emprego mais rapidamente. Nega alucinações visuais ou auditivas, bem como pensamentos de cunho persecutório.
A Fluoxetina foi suspensa e foram solicitados exames de sangue.
Na consulta seguinte, em dez dias, o paciente mantém queixas e volta a abordar sua dificuldade de atenção, a possibilidade de ter TDAH e o desejo de usar a medicação para o transtorno. Não havia alterações em seu hemograma, função tireoidiana, função hepática ou renal.
O principal diagnóstico para este paciente é:
ATranstorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
BTranstorno Ansioso não especificado, parcialmente tratado e com sintomas residuais
CTranstorno de Pânico
DTranstorno Afetivo Bipolar e Transtorno Ansioso
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