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Saúde12 setembro 2024

Poluição do ar pode ser um fator de risco para demência?

Estudo aponta que a exposição crônica a poluição do ar pode ser está associada a prejuízos cognitivos significativos
Por Redação Afya

A demência, uma condição neurológica debilitante, já afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, e estima-se que esse número alcance 153 milhões até 2050. Fatores como genética, estilo de vida e a exposição à poluição do ar, foram identificados como possíveis causas.

Recentemente, uma revisão sistemática publicada no BMC Public Health revelou uma forte ligação entre poluentes atmosféricos e demência. O estudo apontou que a exposição crônica a altos níveis de poluentes, em especial concentrações elevadas de materiais particulados leves (MP2,5) e NO2, foi associada ao aumento do risco de demência e a prejuízos cognitivos significativos.

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Poluição do ar pode ser um fator de risco para demência?

Imagem de freepik

O estudo: poluição e demência

A pesquisa analisou estudos sobre diversos poluentes, como MP10, MP2,5, NO2, ozônio (O3), carbono negro, Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPA), benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos (BETX) e formaldeídos, utilizando as bases de dados, Scopus, PubMed e Web of Science. As buscas por estudos com palavras-chaves específicas foram realizadas até o dia 22 de maio de 2023. Foram excluídos artigos duplicados, de revisão, aqueles que focaram apenas em volume cerebral, os que não especificaram o tipo de poluente estudado quando analisavam mais de um, aqueles com grande risco de viés e estudos cujo texto completo se encontrava inacessível.

Após a triagem de 14.924 artigos, 53 estudos foram analisados. A revisão seguiu os critérios de qualidade do Instituto Joanna Briggs (JBI) com foco no vínculo entre tipo e concentração de poluente e demência, fazendo diferenciação entre doença de Alzheimer e outras demências (frontotemporal, vascular, Parkinson e demência por corpos de Lewy).

Resultados

De acordo com os autores do artigo, os resultados encontrados mostraram que níveis maiores de poluentes no ar foram associados ao aumento de hospitalizações por demência de Alzheimer e ao agravamento de outros distúrbios, com forte evidência para os efeitos negativos de MP2,5 e NO2 sobre o desenvolvimento de distúrbios neurocognitivos na velhice. Os poluentes também foram relacionados com o declínio da capacidade de memória e a alterações estruturais no hipocampo e atrofia cerebral.

O estudo também indicou que a presença dos poluentes poderiam induzir estresse oxidativo, amiloidose e taupatia, contribuindo para o declínio cognitivo. As evidências do artigo colocaram a exposição à MP2,5, NO2 e ozônio (O3) como fatores de risco para demências vasculares e como substâncias capazes de exacerbar sua progressão, causando dano vascular e afetando a barreira hematoencefálica. Além disso, uma exposição maior a MP2,5 também foi relacionada com maior risco de hospitalização devido a demência por Parkinson.

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Conclusão dos autores

Para os responsáveis pelo artigo o estudo reforça a necessidade de mais pesquisas para melhor compreensão dos mecanismos que conectam a poluição do ar ao declínio cognitivo, com extensão do escopo para outros poluentes, dada o pouco volume de estudos sobre os efeitos de HAPs, BETXs e formaldeídos. “Acreditamos que a identificação e prevenção de fatores de risco modificáveis, como a exposição ao ar tóxico em conjunto com intervenções comportamentais, podem ajudar a prevenir ou retardar a progressão de distúrbios neurodegenerativos e reduzir significativamente a carga desses distúrbios na sociedade”, afirmaram na conclusão.

#Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal. 

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Referências bibliográficas

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