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Terapia Intensiva5 novembro 2024

A importância do uso da USG para avaliação nefrológica de pacientes críticos 

A USG permite a abordagem de questões específicas que surgem durante a avaliação e tratamento de pacientes com LRA
Por Julia Vargas

A lesão renal aguda (LRA) que necessita de terapia renal substitutiva (TRS) tem incidência crescente entre pacientes críticos, afetando até 15% dos casos. A ultrassonografia point-of-care (POCUS) surgiu como uma ferramenta crucial para a tomada de decisões rápidas à beira do leito, sendo cada vez mais reconhecida no manejo de pacientes graves. Neste contexto, o uso do POCUS é defendido como uma extensão do exame clínico tradicional, sendo especialmente útil para a avaliação da LRA na UTI. 

Em países de baixa renda, muitos pacientes com doença renal não têm acesso a diagnósticos ou tratamentos adequados, o que leva a altas taxas de mortalidade. A falta de acesso ao diagnóstico precoce e tratamentos como a diálise resulta em consequências desastrosas para pacientes com doença renal, especialmente em áreas de baixa renda. Por isso, priorizar metodologias que incluam o uso de recursos acessíveis como a POCUS é essencial para melhorar os desfechos desses pacientes. 

A ultrassonografia já é amplamente usada em outras áreas médicas, como nas emergências e terapias intensivas, mas seu uso por nefrologistas ainda é subutilizado. Apesar das evidências crescentes de seus benefícios, o treinamento e a padronização do uso do POCUS entre nefrologistas ainda são desafios. 

Leia também: POCUS: Impacto prático da ultrassonografia torácica entre doentes críticos

A importância do uso da USG para avaliação nefrológica de pacientes críticos 

Imagem de serhii bobyk/freepik

Como o POCUS pode ajudar? 

  • Monitorização Hemodinâmica: O POCUS auxilia na avaliação da função cardiovascular, sendo útil no diagnóstico diferencial do choque, avaliação de fluido-responsividade, e fluido-tolerância. Protocolos como o VExUS (venous excess ultrasound score) podem ser usados para detectar congestão venosa, o que tem implicações diretas no manejo de pacientes com disfunção renal.
  • Congestão Pulmonar: A ultrassonografia pulmonar permite detectar precocemente a congestão pulmonar, utilizando a contagem de linhas B como marcador de edema pulmonar. Essa técnica é mais confiável do que o exame físico tradicional e a radiografia de tórax, podendo oferecer uma avaliação da necessidade de ultrafiltração em pacientes dialíticos.
  • Avaliação de Fístulas Arteriovenosas: O POCUS é eficaz na avaliação de acessos vasculares, detectando complicações precocemente, como estenoses e tromboses, melhorando assim a eficácia da hemodiálise.
  • Índice de Resistência Renal (RRI): O RRI, avaliado pelo doppler, é um preditor útil de disfunção renal em condições críticas, como sepse e choque. Valores elevados de RRI estão associados a maior resistência vascular renal e pior perfusão renal, sendo indicadores precoces de lesão renal.

Conclusão 

O POCUS deve ser incorporado rotineiramente no manejo de pacientes com LRA, inclusive aqueles em terapia renal substitutiva. A ferramenta oferece vantagens significativas na avaliação hemodinâmica, identificação de complicações vasculares e otimização do manejo de fluidos. Além disso, o exame oferece a vantagem de ser facilmente repetido ao longo do tempo, permitindo o monitoramento dinâmico do estado do paciente e a adaptação do tratamento conforme necessário. Para intensivistas, o uso do POCUS representa uma oportunidade de personalizar o manejo de fluidos e a estratégia dialítica de acordo com as condições fisiológicas de cada paciente, garantindo intervenções mais precisas e seguras à beira do leito.

Veja também: Caso clínico: como realizar o diagnóstico diferencial de um choque cardiogênico com POCUS? [vídeo]

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