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Terapia Intensiva7 novembro 2025

CBMI 2025: Avaliação hemodinâmica por Inteligência Artificial

Aula realizada durante o CBMI 2025 destacou como a Inteligência Artificial pode transformar a monitorização hemodinâmica, prevendo instabilidades e apoiando decisões clínicas.
Por Yuri Albuquerque

Durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI 2025), o professor francês Xavier Monnet, apresentou uma aula inspiradora sobre o papel emergente da Inteligência Artificial (IA) na monitorização hemodinâmica. 

Introdução 

A monitorização hemodinâmica tradicional é invasiva, retrospectiva e pouco personalizada, dependendo fortemente da interpretação do intensivista. A Inteligência Artificial surge como uma ferramenta promissora para integrar múltiplas variáveis fisiológicas em tempo real, oferecendo análises preditivas e suporte à decisão clínica de forma contínua e automatizada. 

Como a IA pode auxiliar na hemodinâmica 

A aplicação da IA na monitorização hemodinâmica se concentra em quatro domínios principais: 

  1. Avaliação do status hemodinâmico
    Melhora da qualidade de imagens ultrassonográficas e estimativas não invasivas de pressão arterial, por sensores de pulso ou eletrocardiograma. Há potencial para estimar parâmetros de pré-carga, como a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo, e identificar hipovolemia. Permanecem limitações em pacientes com complacência vascular alterada ou arritmias. 
  2. Predição de descompensação hemodinâmica
    Algoritmos preditivos podem antecipar episódios de instabilidade antes da queda pressórica, especialmente em emergências, UTI e centro cirúrgico. O exemplo mais estudado é o Hypotension Prediction Index (HPI), baseado na análise da forma de onda arterial e sinais fisiológicos contínuos. 
  3. Classificação de perfis de pacientes
    A IA pode identificar endótipos de choque, agrupando pacientes com padrões fisiológicos semelhantes, como subgrupos de vasoplegia associada à disfunção miocárdica no choque séptico, com potencial para individualizar terapias. 
  4. Suporte à tomada de decisão terapêutica
    Algoritmos em loop fechado podem ajustar automaticamente doses de vasopressores ou fluidos, reduzindo episódios de hipotensão. A IA também pode sugerir, em tempo real, qual intervenção é mais apropriada, como fluidos, vasopressores ou inotrópicos. 

Limitações e desafios atuais 

  • Poucos estudos clínicos robustos. 
  • Desempenho variável diante de alterações hemodinâmicas abruptas. 
  • O HPI ainda não demonstrou superioridade consistente em relação à pressão arterial convencional para predição de desfechos. 
  • Metanálises baseadas em amostras pequenas e heterogêneas. 
  • Barreiras culturais e institucionais à incorporação de novas tecnologias. 
  • Falta de infraestrutura para monitorização contínua e integrada de múltiplos parâmetros fisiológicos. 

Mensagens práticas 

  • As aplicações da IA na hemodinâmica são promissoras, mas ainda incipientes. 
  • O maior potencial está na predição precoce da instabilidade e na decisão terapêutica personalizada. 
  • Ainda não há evidência de impacto em desfechos clínicos relevantes, mas a tendência é de rápida evolução tecnológica e científica nos próximos anos. 

Autoria

Foto de Yuri Albuquerque

Yuri Albuquerque

Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)

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