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Terapia Intensiva31 outubro 2024

Cetamina: Uma opção segura para a analgesia no trauma? 

O politraumatismo, especialmente quando complicado por fraturas ortopédicas, gera dor intensa e demanda frequente por analgesia potente.
Por Julia Vargas

Apesar da necessidade de se tratar agressivamente a dor, a exposição a fármacos como morfina e fentanil está relacionada a eventos adversos, como depressão respiratória, além de estar atrelada à alta probabilidade de dependência de opioides. A terapia multimodal, valendo-se de analgésicos não opioides, é uma estratégia importante para a contenção desse grave problema mundial de saúde pública. Nessa perspectiva, a cetamina oferece algumas vantagens, como a preservação da função respiratória e um perfil hemodinâmico favorável entre pacientes traumatizados. 

Leia também: Uso de cetamina para pacientes com depressão é controverso?

Algumas meta-análises sugerem que, em relação à analgesia pré-hospitalar, a cetamina não foi superior ao opioides, embora a coadministração tenha sido significativamente mais eficaz do que ambas as terapias isoladamente. Em relação aos efeitos colaterais, a segurança da cetamina isolada foi superior à da morfina, com maior frequência de agitação, alucinações e delirium com a primeira e náuseas e vômitos com a segunda. 

Um ensaio clínico randomizado (RCT) demonstrou que a infusão contínua de cetamina, em doses subanestésicas, somada a um regime multimodal padrão, reduziu a demanda por opioides em pacientes internados por traumatismo em até 20%, além de redução de 5% na prescrição de opioides por ocasião da alta hospitalar.  

Mensagens práticas 

  • A adição de infusão contínua de cetamina, em dose subanestésica, em um regime multimodal de analgesia, reduziu significativamente a exposição a opioides em pacientes com trauma grave, sem comprometer o controle álgico, sendo uma ferramenta com potencial de reduzir a dependência de opioides a longo prazo.

WFPICCS 2024: PICU Liberation – Elemento A: avaliar, prevenir e manejar a dor

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