Logotipo Afya
Anúncio
Terapia Intensiva5 outubro 2025

Inteligência Artificial na Sepse: o que o médico precisa saber? 

Estudos mostram que a IA consegue identificar sepse mais cedo do que os escores usados no dia a dia, como SIRS, qSOFA e SOFA.
Por Yuri Albuquerque

A sepse continua sendo uma das principais causas de morte em pacientes graves. Reconhecê-la cedo faz toda a diferença, mas nem sempre é simples: febre, taquicardia e alterações laboratoriais podem estar presentes em várias situações. É nesse ponto que a inteligência artificial (IA) começa a ganhar espaço. Usando dados que já coletamos na UTI, como pressão arterial, frequência cardíaca, resultados de exames e evolução clínica, os algoritmos conseguem identificar padrões sutis e avisar que aquele paciente pode estar entrando em sepse, muitas vezes antes do médico suspeitar. Isso significa ganhar horas preciosas para iniciar antibiótico e medidas de suporte, algo que pode mudar completamente o desfecho. 

Inteligência artificial

Evidências até o momento 

Os estudos mostram que a inteligência artificial consegue identificar sepse mais cedo do que os escores que usamos no dia a dia, como SIRS, qSOFA e SOFA. Em algumas pesquisas, os algoritmos chegaram a prever a sepse com várias horas de antecedência, o que na prática pode significar iniciar antibiótico e suporte hemodinâmico mais cedo. 

Já existem sistemas testados em hospitais, como o TREWS nos Estados Unidos, que mostraram redução do tempo para início de antibiótico em até duas horas, com impacto positivo em mortalidade. Outro exemplo é o InSight, também validado em grandes bases de pacientes críticos. 

Os modelos mais avançados usam técnicas que analisam a evolução dos sinais vitais ao longo do tempo. Isso permite perceber pequenas mudanças que o médico pode não notar no momento, mas que juntas indicam risco de sepse. 

Na prática, isso mostra que a inteligência artificial pode ser um apoio importante para a equipe de saúde, funcionando como um alarme que chama atenção para o paciente que está piorando, sem substituir o julgamento clínico. 

Veja também: ESPGHAN 2025: Inteligência artificial na histopatologia hepática

Incertezas 

Ainda não está claro se a inteligência artificial realmente reduz mortalidade em larga escala, pois a maioria dos estudos é observacional. Muitos modelos funcionam bem no hospital onde foram criados, mas perdem desempenho quando aplicados em outros cenários. Também falta entender como integrar esses sistemas ao dia a dia da UTI sem gerar excesso de alarmes e cansaço na equipe. Questões éticas, como privacidade dos dados e responsabilidade em caso de erro, também continuam em aberto. 

Mensagem Prática 

  • A sepse precisa ser reconhecida cedo, e a inteligência artificial pode ajudar nisso. 
  • Os sistemas analisam sinais vitais e exames em tempo real e conseguem antecipar o diagnóstico. 
  • Ainda não substituem o olhar clínico: funcionam como um alarme de apoio. 
  • O benefício maior pode estar em ganhar horas para iniciar antibiótico e suporte. 
  • Na prática, esses sistemas ainda estão restritos a poucos hospitais e precisam de mais validação para serem aplicados em larga escala. 

Autoria

Foto de Yuri Albuquerque

Yuri Albuquerque

Doutorando em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP) • Residência em Medicina Intensiva pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) • Residência em Clínica Médica ano complementar (R3) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) • Residência em Clínica Médica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) • Médico intensivista rotina do hospital Samaritano Paulista • Título de Especialista em ECMO pela Extracorporeal Life Support Organization (ELSO) • Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Terapia Intensiva