Sintomas autorrelatados por pacientes internados em terapia intensiva
O estudo aborda um aspecto crucial do cuidado ao paciente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI): a experiência de sintomas e o desconforto associado. Compreender esses sintomas é fundamental para melhorar a qualidade do cuidado, minimizar o sofrimento e otimizar a recuperação 1. O foco na perspectiva do paciente fornece insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias de manejo de sintomas de forma mais eficaz, contribuindo para uma abordagem de cuidado mais centrada no paciente 2.
O objetivo do estudo foi investigar a prevalência, intensidade e desconforto associado a cinco sintomas comuns (dor, sede, medo, ansiedade, cansaço e falta de ar) em pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Buscava-se compreender melhor essas experiências do ponto de vista dos próprios pacientes, a fim de informar práticas de cuidado mais eficazes e centradas no paciente.
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Métodos do estudo e população envolvida
Este estudo prospectivo multicêntrico envolveu 353 pacientes de UTI, coletando dados sobre a prevalência, intensidade e desconforto de cinco sintomas comuns: dor, sede, medo, ansiedade, cansaço e falta de ar. Durante sete dias, os pacientes relataram suas experiências por meio de um questionário específico. A metodologia estatística usada no estudo envolveu o uso de um modelo de equação de estimativa geral para analisar os dados coletados dos pacientes em UTI. Esse modelo permitiu aos pesquisadores examinarem padrões e correlações entre a prevalência, intensidade e desconforto dos sintomas e variáveis demográficas e clínicas dos pacientes.
Resultados
No total, 1.234 pacientes foram elegíveis para inclusão, onde 603 atenderam aos critérios de inclusão. Destes, 195 pacientes puderam relatar sintomas por conta própria no primeiro dia na UTI (amostra 1), e 353 pacientes puderam relatar sintomas uma ou várias vezes durante a estadia na UTI (amostra 2). Para as avaliações de sete dias, a idade média era de 63 anos (IQR 48–73), 60,3% eram homens, e a maioria desses pacientes tinha um motivo médico para a admissão (63,5%). Havia 38,8% tratados com VM invasiva e 22,4% com VM não invasiva.
Dos pacientes em VM invasiva, 18 foram intubados durante as avaliações de sintomas, cinco deles fornecendo avaliações completas de sintomas (prevalência, intensidade, desconforto) e 13 pacientes puderam relatar apenas a presença de sintomas (sim/não). As causas mais frequentes de admissão na UTI foram insuficiência respiratória (21,5%), circulatória (17,6%) e gastroenterológica (16,7%). A mediana de permanência na UTI foi de 2,8 (IQR 1,7–5,2) dias, e a mediana do escore SAPS II foi de 38 (IQR 28–50).
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Conclusão
A conclusão do estudo ressalta a importância de se reconhecer e tratar adequadamente os sintomas em pacientes de UTI. Sintomas como sede, dor, ansiedade, cansaço e falta de ar são prevalentes e podem causar desconforto significativo, impactando a experiência do paciente na UTI e possivelmente piorando desfechos através de delirium. O estudo sugere a necessidade de abordagens de cuidados mais personalizadas e centradas no paciente para melhorar o manejo desses sintomas.
Mensagem prática
A abordagem do estudo é altamente relevante e contribui significativamente para uma melhor compreensão do bem-estar dos pacientes em UTI. Os achados ressaltam a necessidade de atenção individualizada aos sintomas dos pacientes, especialmente no que tange à sede e ansiedade, que são frequentemente subestimados pela equipe ou manejados precocemente com neurolépticos.
A metodologia robusta e a abrangência do estudo fornecem uma base sólida para futuras intervenções clínicas. O artigo destaca a importância do envolvimento da família no cuidado ao paciente, mas também aponta para a necessidade de se considerar o impacto emocional dessas interações. Em termos gerais, o estudo é um passo importante para a melhoria da qualidade do cuidado em UTI, enfatizando a experiência do paciente como um componente essencial do tratamento.
O artigo oferece insights valiosos para profissionais da saúde e pesquisadores, indicando a necessidade de abordagens personalizadas e abrangentes no manejo de sintomas em UTIs. É um lembrete da complexidade e interconexão dos aspectos físicos e emocionais do cuidado ao paciente crítico, e como cada elemento do cuidado pode influenciar significativamente o bem-estar e a recuperação.
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