Hot topics para Residência Médica: Infectologia - hepatite B
Na matéria de hoje, trazemos um dos temas mais cobrados nas provas de residência, hepatite b. Saiba mais sobre a sua ocorrência como infecção aguda e crônica.
Conceito geral do tema
A hepatite B, causada pelo vírus HBV, é muito comum. A OMS estima que 257 milhões de pessoas (cerca de 3,5% da população mundial), vivem com a infecção crônica pelo HBV, o que representa um grave problema de saúde pública, por ser uma infecção com elevada morbimortalidade.
Os óbitos por hepatite B ocorrem principalmente nos casos crônicos, que evoluem para cirrose e carcinoma hepatocelular (CHC).
Como muitas pessoas infectadas pelo HBV desconhecem seu diagnóstico, isso dificulta o acompanhamento correto, além da interrupção da cadeia de transmissão.
Pontos de atenção a serem estudados
Um ponto muito solicitado nas provas de residência médica é o diagnóstico sorológico da doença. Inclusive, esse é um tema que causa muita dúvida ao longo da vida profissional e para entendermos o que cada marcador sorológico indica, é fundamental revisarmos a história natural da doença.
A hepatite B pode se manifestar de forma aguda ou crônica. A forma aguda, em geral, é benigna e cursa inicialmente com quadro viral inespecífico com alterações gastrointestinais e aumento de transaminases. Após, pode ocorrer a fase ictérica, seguida de uma fase de convalescença e posteriormente melhora progressiva do quadro.
Infecção aguda
Na infecção aguda pelo HBV o teste molecular que pesquisa o DNA viral pode ser positivo a partir de um mês da infecção. Porém, vale ressaltar que por um período de aproximadamente seis semanas, a carga viral do HIV detectada será baixa.
O pico de detecção do DNA do HBV e dos antígenos virais (HBeAg e HBsAg) acontecem após seis semanas. Com relação a resposta humoral, inicialmente surge o anti-HBc IgM e, após, o anti-HBc IgG, que vai persistir por toda a vida, independente da evolução para forma crônica ou cura. Mais de 90% dos pacientes evoluem para cura e desenvolvem os anticorpos específicos contra os antígenos HBeAg e HBsAg.
Infecção crônica
O segundo ponto que precisa ficar claro é que a infecção crônica pelo HBV é um processo dinâmico e os marcadores sorológicos que vão ser encontrados refletem a replicação viral e a resposta imune do hospedeiro.
Como regra geral, a persistência de HBsAg reagente por pelo menos seis meses, indica infecção crônica e já é considerado critério diagnóstico para notificação do caso. Atente-se que um resultado anti-HBc IgM não reagente em um paciente com HBsAg reagente, também pode significar infecção crônica.
Entretanto, para fins de seguimento do paciente, é necessário solicitar teste molecular para detecção do HBV, preferencialmente, ou utilizar um segundo marcador viral (HBeAg ou anti-HBc total).
A seguinte tabela ajuda na abordagem diagnóstica:
Condição do caso | HBsAg | Anti-HBc total | Anti-HBc IgM | HBeAg | Anti-HBe | Anti-HBs |
Suscetível |
– | – | – | – | – | – |
Agudo |
+ | + |
+ |
+/- | +/- |
– |
Crônico |
+ | + | – | +/- | +/- |
– |
Curado |
– | + | – | – | +/- |
+ |
Imunizado | – | – | – | – | – |
+ |
Sempre importante lembrar que a hepatite B é uma doença imunoprevenível, sendo sua vacina altamente eficiente e disponibilizada pelo SUS.
Estudo complementar
Diferentes fontes de estudo podem ajudar a sedimentar esse conteúdo, que é muito desafiador. Por isso, sugiro o podcast sobre diagnóstico e tratamento: Hepatite B – Diagnóstico e tratamento
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