Como melhor aproveitar o período do internato?
O internato é uma etapa única na formação médica, momento de ambientação com a prática profissional, maior contato com o paciente e aplicação prática de conteúdos diversos.
O cotidiano desses dois anos demanda um grande suporte de energia e dedicação, com estímulo para o desenvolvimento de múltiplas habilidades e a saída da zona de conforto.
No texto de hoje iremos conversar sobre formas de aproveitar bem esse período, entendendo sua importância para toda a carreira médica depois de formado.
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Mente aberta
Não é raro encontrar alunos de Medicina que já decidiram fazer a especialidade de neurocirurgia desde o primeiro período da faculdade, por exemplo. Nenhum problema nessa decisão, que surge de sonhos ou afinidade com a especialidade, porém um grande erro é não aproveitar outras especialidades vividas no internato.
O interno vai ganhar muito mais vivenciando outras realidades acadêmicas (mesmo sem vontade alguma de seguir como carreira), pois pode aprender habilidades únicas, gerando reflexos em outras áreas.
Além disso, ter essa mente aberta para as diferentes especialidades facilita a real observação prática das mesmas, podendo auxiliar na decisão da especialização ao término da faculdade.
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Foco no paciente
O paciente é o grande “professor” durante a faculdade, sendo mais significativo durante o internato, momento de maior contato com práticas clínicas no ambulatório, enfermarias, centro cirúrgico ou mesmo unidades de terapia intensiva.
O foco e priorização do interno deve ser aproveitar bem esses momentos práticos, onde é capaz de aplicar seus conhecimentos médicos, criar raciocínio clínico e ajudar aqueles que sofrem.
Todo esse contato e relação médico-paciente também são essenciais para o entendimento próprio de nossas limitações e dificuldades. Pode se tornar um momento propício para lidar com a timidez, ansiedade no atendimento médico, medos diversos e até mesmo lidar com a sobrecarga emocional da prática médica, principalmente nos contextos de sofrimento e morte.
É essencial o amparo dos professores, que guiam os caminhos desse processo de amadurecimento, mostrando maneiras de melhor vivência e como enfrentar certas dificuldades.
Desenvolvimento de habilidades
As atividades desse período de formação exigem habilidades diversas, não só para uma boa vivência individual, mas também para o correto funcionamento do serviço de atendimento e trabalho em equipe.
A pontualidade, proatividade, atenção e bom senso, são características básicas para o cotidiano do internato, gerando organização e harmonia no convívio diário e nos atendimentos.
São habilidades simples e que sempre podem ser otimizadas, além de muitas outras (hard e soft skills, por exemplo) que são geradas pelas demandas da profissão médica, já podendo ser amadurecidas durante o internato.
Organização dos estudos
A gestão do tempo diário e a definição de prioridades serão fundamentais para uma rotina de estudos adequada. Devemos lembrar que a rotina no internato é bastante agitada, muitas vezes com pouco tempo livre, que ainda deve dar espaço para atividades sociais e de lazer.
A rotina de estudos deve ser bem organizada, de preferência pautada em paralelo com os casos clínicos observados ou mesmo para suprir uma deficiência teórica em determinado tema que foi demandado no rodízio clínico.
Ponto importante é o estudo preparatório para as provas de residência, normalmente já iniciado no internato.
Sem dúvida também é um processo importante, porém não deve ocupar o espaço do estudo e vivência prática do final da graduação, pois os focos são diferentes e podem gerar déficits práticos da formação médica.
Bons estágios
Os estágios externos são comuns no internato, muitas das vezes já previstos no cronograma da graduação. As áreas principais de atenção primária, emergência ou terapia intensiva são as mais procuradas, às vezes com necessidade de realização de concursos para a aquisição da vaga, seja no sistema de saúde público ou privado.
Esses estágios são de grande relevância para a formação médica, podendo mostrar uma realidade clínica diferente do hospital-escola, evidenciando outros pontos vitais da medicina e seus atributos.
Além disso, facilitam o contato com caminhos possíveis de especialização e trabalho profissional, facilitando escolhas futuras e até mesmo um networking para possíveis oportunidades de trabalho.
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Mensagem final
Aproveitar bem o período do internato é um divisor de águas na formação médica, facilitando o ganho de habilidades técnicas e não técnicas, grande contato com os pacientes e um amadurecimento profissional.
Os assuntos destacados no texto podem ser aprofundados e expandidos, porém são um ponto de partida para refletir nas formas de vivenciar esse momento único da graduação de Medicina.
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