Ibrutinibe associado a transplante autólogo em primeira linha
O estudo TRIANGLE é um ensaio clínico de fase 3, aberto, randomizado e com três braços, desenhado para avaliar a eficácia do ibrutinibe em combinação com imunoterapia e transplante autólogo de células-tronco (TCTH) em pacientes previamente não tratados com linfoma de células do manto (LCM). Seguem os principais detalhes extraídos do estudo:
Desenho do Estudo e Objetivos
O objetivo do estudo foi determinar se a adição de ibrutinibe à imunoterapia convencional, com ou sem TCTH autólogo em primeira linha, poderia melhorar os desfechos em pacientes com linfoma de células do manto. Os participantes foram randomizados em três grupos:
- Grupo A (TCTH autólogo): Imunoterapia padrão (R-CHOP/R-DHAP) seguida de TCTH.
- Grupo A+I: Imunoterapia combinada com ibrutinibe seguida de TCTH.
- Grupo I (Ibrutinibe sem TCTH): Ibrutinibe combinado com imunoterapia, porém sem TCTH.
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Participantes e Métodos
Número de Participantes: Um total de 870 pacientes foi incluído no estudo, dos quais 662 eram homens e 208 eram mulheres. 58% dos pacientes foram classificados como MIPI de baixo risco, 27% risco intermediário e apenas 15% como alto risco. Aproximadamente 12% dos pacientes apresentavam citologia blastoide.
Período de Seguimento: A mediana do tempo de seguimento foi de 31 meses.
Grupos de pacientes:
- O Grupo A recebeu seis ciclos alternados de R-CHOP e R-DHAP, seguidos por TCTH.
- O Grupo A+I recebeu ibrutinibe, além do regime R-CHOP/R-DHAP, e continuou com manutenção de ibrutinibe por 2 anos após o TCTH.
- O Grupo I recebeu ibrutinibe juntamente com R-CHOP/R-DHAP, mas não passou por TCTH.
O estudo permitiu a adição de terapia de manutenção com rituximabe a todos os grupos, o que resultou em uma melhora na SLP, independentemente do grupo. Pacientes que receberam ibrutinibe e manutenção com rituximabe apresentaram uma toxicidade ligeiramente maior, mas com viabilidade semelhante em termos de duração da terapia de manutenção.
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Resultados
- Superioridade do Grupo A+I: O estudo demonstrou que o Grupo A+I (Ibrutinibe com TCTH) apresentou resultados superiores em comparação com o Grupo A (TCTH sem Ibrutinibe). A sobrevida livre de falha em 3 anos (SLF) no Grupo A+I foi de 88% (IC 95%: 84–92) versus 72% no Grupo A (hazard ratio (HR) 0,52; p unilateral = 0,0008).
- A Sobrevida Livre de Progressão (SLP) em 3 anos foi significativamente melhor nos grupos que receberam Ibrutinibe. O Grupo A+I (Ibrutinibe mais imunoterapia) apresentou uma SLP de 88%, enquanto o Grupo I (apenas ibrutinibe) teve uma SLP de 87%, comparado ao Grupo A (somente imunoterapia), que teve uma SLP de 73%.
- Houve avaliação de sobrevida global (SG), porém sem diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Os autores do estudo atribuem tal fato ao tempo de seguimento curto de 31 meses.
- Não foi demonstrada a superioridade do Grupo A sobre o Grupo I, com o Grupo I apresentando uma SLF em 3 anos de 86% (IC 95%: 82–91) versus 72% no Grupo A.
- A incidência cumulativa de tratamento de resgate em 3 anos foi menor no Grupo A+I (5,8%) em comparação ao Grupo A (18,2%) e ao Grupo I (10,1%). No entanto, uma maior proporção de pacientes no Grupo A que apresentaram falha na primeira linha de tratamento foram tratados com ibrutinibe.
- Não houve superioridade demonstrada do Grupo A+I (Ibrutinibe com TCTH) sobre o Grupo I (Ibrutinibe sem TCTH). Ambos os grupos apresentaram resultados semelhantes em termos de sobrevivência livre de falha (SLF) em 3 anos:
- Grupo A+I: 88% (IC 95%: 84–92)
- Grupo I: 86% (IC 95%: 82–91)
Eventos Adversos
Durante os períodos de manutenção ou seguimento, o Grupo A+I apresentou uma incidência maior de eventos adversos hematológicos de grau 3 a 5 e infecções, em comparação com os Grupos I e A. Notadamente, 50% dos pacientes no Grupo A+I apresentaram eventos adversos hematológicos de grau 3 a 5, e 25% relataram infecções graves.
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Subgrupos especiais
Os pacientes com mutação do TP53 foram os que obtiveram maior ganho com a adição do Ibrutinibe, com um Hazard Rattio (HR) de 0,14 (98·3% CI 0–0·57).
Conclusão
Esses resultados sugerem que a combinação de ibrutinibe com TCTH oferece desfechos superiores em comparação ao TCTH isolado para o linfoma de células do manto não tratado, embora esteja associada a um aumento de eventos adversos.
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